sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Meus companheiros no blog

Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Escola, emprego e desigualdades

O trecho abaixo retirei de um texto de Helena Singer, "Educação e Escola", que estava no "Relatório de Cidadania" da Rede de Observatórios de Direitos Humanos (sobre os jovens e os direitos humanos, tendo foco uma pesquisa realizada em Heliópolis).

"É preciso ter uma boa escola para ter um bom emprego? Eu não acredito muito nisso. Na verdade, esse é o discurso neoliberal que usa o fato de o indivíduo não ter freqüentado boas escolas para justificar o seu desemprego, é uma forma de devolver o problema para o desempregado. Mas será que se todos tivessem acesso a excelentes escolas, haveria empregos para todos? A escola é muito mais a única forma de discriminação socialmente legitimada numa democracia. O empregador não pode dizer explicitamente que raça ele quer, que gênero ele quer, que idade ele quer, mas pode exigir um determinado grau de escolaridade que, por si só, já seleciona uma certa origem étnica-cultural, uma determinada faixa etária e uma determinada condição sócio-econômica. Todos aceitam, mas todos sabem que a escola não prepara para o mercado de trabalho; então, para quê exigir escolaridade? Muito provavelmente para justificar esta desigualdade e manter as pessoas perseguindo ideais individuais ao invés de coletivos".

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Porta

Antes eu era e apenas era.
Então veio você
e me trouxe a felicidade.
E foi tanta e tão certa
que deixei a porta aberta
p'ra ela não mais ter que bater.
Para quê...
Eu, que apenas era,
de sorrir passei a sofrer:
essa porta que meu peito cerra
nunca mais ouviu de você.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Batidas na porta da frente...

Fazia tempo que não ouvia uma música...
Essa letra é uma das melhores... Perfeita para essa semana.


RESPOSTA AO TEMPO (ouvir)

Batidas na porta da frente

É o tempo
Eu bebo um pouquinho
Prá ter argumento...

Mas fico sem jeito
Calado, ele ri
Ele zomba do quanto eu chorei
Porque sabe passar
E eu não sei

Num dia azul de verão
Sinto o vento
Há folhas no meu coração
É o tempo...

Recordo um amor que perdi
Ele ri
Diz que somos iguais
Se eu notei
Pois não sabe ficar
E eu também não sei...

E gira em volta de mim
Sussurra que apaga os caminhos
Que amores terminam no escuro
Sozinhos...

Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto...

E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Prá tentar reviver...

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer...

Respondo que ele aprisiona
Eu liberto
Que ele adormece as paixões
Eu desperto...

E o tempo se rói
Com inveja de mim
Me vigia querendo aprender
Como eu morro de amor
Prá tentar reviver...

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, e ele não vai poder
Me esquecer...

No fundo é uma eterna criança
Que não soube amadurecer
Eu posso, ele não vai poder
Me esquecer...

domingo, 21 de outubro de 2007

F1

Acabei de ver a F1 - última corrida da temporada, disputa ponto a ponto pelo campeonato, brasileiro com chance de vitória no Brasil... Fazia tempo que eu não assistia a uma corrida! Dessa eu gostei, foi até interessante. Hamilton fez besteira bem no começo mas por pouco não consertou. Räikkönen (que nome, hein...) "ultrapassou" o Massa e foi o campeão da temporada. Enfim... banalidades para mim. O que me importou mesmo é que dá uma vontade de andar num carro daqueles! Acho que um dia desses vou querer encarar um kart só pra sentir o gostinho. Mas é muito dinheiro meio que à toa, não?

Preciso parar!

E preciso parar com essa coisa de frases! Tenho que criar minhas próprias, hehehe... Até o Pedro de Lara tem um livro de frases ;)

Nervos e Punhos

Precisamos de nervos de aço e não de punhos de ferro... Li no "Modernidade e Ambivalência", de Bauman. Concordo. Totalmente! Para conseguirmos compreender, respeitar e aceitar a diversidade complexa do mundo, do outro, é necessário nervos de aço. Agora, se o que se quer é levar nossa visão como uma alternativa para o resto, aí os punhos de ferro são o melhor. Mas não acredito que esse seja o caminho. Nada que é individual pode ser universal e ainda libertador. É muita prepotência alguém achar que pode dizer o que é melhor para o mundo. O melhor é para si, e nunca para todos. É impossível uma coisa melhor para todos. A utopia é que se consiga muitas coisas, melhores para muitas pessoas. E isso me faz ver com certo otimismo isso que se tem chamado de Pós-modernidade.

sábado, 20 de outubro de 2007

Frase

Tem uma frase do Rousseau que adoro: "prefiro ser um homem de paradoxos que um homem de preconceitos". Confesso que tenho, sim, alguns preconceitos. Por exemplo? Contra Paulo Coelho. A favor do Chico. Nada muito grave... Mas tento cada vez mais manter minha mente aberta: ver com olhos livres...

Será um desabafo?

Tem dias que eu não queria estar em lugar nenhum. Nem no meu próprio corpo. É uma vontade de sumir de mim mesma, mas não é morrer nem algo parecido. Seria uma espécie de pausa. Porque me canso de meus pensamentos mas eles não páram; minha cabeça tem vontade própria, eu acho. Às vezes tudo o que eu queria era não ser por um tempo. O mundo, a vida, tudo isso me aperta forte demais. Minhas vontades apertam de dentro para fora. E fica uma dor na pele toda, nos ossos, comprimidos entre esses dois mundos complexos. Ou ao invés de sumir, eu poderia conseguir me misturar ao mundo, só um pouco, só por um tempo, para não ser mais um eu e apenas ser. Às vezes fico tão feliz que depois acabo ficando triste.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

"Maracanã - o estádio da família brasileira"

Meu irmão havia me dito que, durante o jogo de domingo da seleção, Galvão Bueno não parava de falar que o Maracanã tinha que voltar a ser o "estádio da família". Ontem vi o jogo pela SportTv. Mas hoje pela manhã assisti no Bom Dia Brasil a cobertura sobre a partida Brasil x Equador. Pareceu uma lavagem cerebral! A cada 10 palavras 7 eram algo entre "família", "pais", "filhos", "mães" etc etc etc... Foi uma exaltação da "maravilhosa festa", com artistas globais pipocando aqui e ali, close ups de pais e filhos se abraçando nos momentos de gols, casais de namorados indo romanticamente ao estádio e uma ode à seleção brasileira, geralmente bastante criticada. Será que tomei algum ácido e não percebi? Ou foram os repórteres? Um mundo mágico se abriu na tela! Eu fui obrigada a rir! Não estou entendendo essa campanha da Globo pró Maracanã. Será que tem algo a ver com pacotes de transmissão de jogos? Com a prefeitura do Rio de Janeiro? Sei não, alguma mutreta aí tem. Não que eu ache ruim o Maracanã "ser o estádio da família"; mas assim, "do nada", isso começar a ser jogado na nossa cara como uma tentativa de hipnose é f...
Como eu odeio a mídia tendenciosa...

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Quase me esqueço

Ah! E hoje é dia do professor!

Nosso Partido Alto

Foi um samba que te trouxe
começamos a dançar
a batida do pandeiro
como que a avisar
que nosso Partido Alto
nós iríamos cantar
que nosso Partido Alto
nós iríamos cantar

O improviso foi tão certo
resolvemos não parar
outra noite, outro samba
outra vez nós dois no ar
e nosso Partido Alto
continuamos a cantar
e nosso Partido Alto
continuamos a cantar

Mas por coisas desta vida
não pudeste mais ficar
o meu surdo e o meu peito
eu calei para esperar
que nosso Partido Alto
nós voltemos a cantar
que nosso Partido Alto
nós voltemos a cantar

***

(Esse feriado me inspirou...)

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Faz tempo

Faz tempo que não escrevo. Não sei porque, mas de repente aquela necessidade quase fisiológica de escrever se pulverizou. E de quase posts diários me veio uma vontade de só viver, sem falar muito sobre isso. Pode ser uma fase, pode ser uma nova natureza... Acredito mesmo que em algum momento quererei escrever muito e mais e mais novamente. Mas ainda não. Hoje estou só vivendo. As palavras continuam na minha mente, mas não têm vontade de sair, ainda.


(abaixo, texto da Clarice enviado por um grande amigo - achei perfeito para hoje)

Sobre a Escrita...
(Clarice Lispector)

Meu Deus do céu, não tenho nada a dizer. O som de minha máquina é macio.

Que é que eu posso escrever? Como recomeçar a anotar frases?
A palavra é o meu meio de comunicação. Eu só poderia amá-la.
Eu jogo com elas como se lançam dados: acaso e fatalidade.
A palavra é tão forte que atravessa a barreira do som. Cada palavra é uma idéia.
Cada palavra materializa o espírito. Quanto mais palavras eu conheço,
mais sou capaz de pensar o meu sentimento.

Devemos modelar nossas palavras até se tornarem o mais fino invólucro
dos nossos pensamentos. Sempre achei que o traço de um escultor é identificável
por um extrema simplicidade de linhas. Todas as palavras que digo -
é por esconderem outras palavras.

Qual é mesmo a palavra secreta? Não sei é porque a ouso?
Não sei porque não ouso dizê-la? Sinto que existe uma palavra,
talvez unicamente uma, que não pode e não deve ser pronunciada.
Parece-me que todo o resto não é proibido. Mas acontece que eu quero é exatamente
me unir a essa palavra proibida. Ou será? Se eu encontrar essa palavra,
só a direi em boca fechada, para mim mesma, senão corro o risco
de virar alma perdida por toda a eternidade. Os que inventaram o Velho Testamento
sabiam que existia uma fruta proibida. As palavras é que me impedem de dizer a verdade.

Simplesmente não há palavras.

O que não sei dizer é mais importante do que o que eu digo.
Acho que o som da música é imprescindível para o ser humano
e que o uso da palavra falada e escrita são como a música,
duas coisas das mais altas que nos elevam do reino dos macacos,
do reino animal, e mineral e vegetal também. Sim, mas é a sorte às vezes.

Sempre quis atingir através da palavra alguma coisa que fosse
ao mesmo tempo sem moeda e que fosse e transmitisse tranqüilidade
ou simplesmente a verdade mais profunda existente no ser humano e nas coisas.
Cada vez mais eu escrevo com menos palavras. Meu livro melhor
acontecerá quando eu de todo não escrever. Eu tenho uma falta de assunto essencial.
Todo homem tem sina obscura de pensamento que pode ser
o de um crepúsculo e pode ser uma aurora.

Simplesmente as palavras do homem.

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

sábado, 25 de agosto de 2007

A Terra seguirá

Eu costumava acreditar que nós, seres humanos, poderíamos acabar causando o tal "fim do mundo". Mas mudei um pouco essa visão. Acho que podemos causar nosso próprio fim e também o de muitas espécies de vida nesse planeta, mas não creio que podemos destruir completamente a Terra. Acho que ela vai seguir sem nós. Se com ou sem vidas, não sei. Mas para um planeta que superou tantas coisas, como a era glacial, a humanidade pode ser somente mais uma etapa...

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Demasiado humanos?

Coisas vindas da leitura cruzada entre "Da natureza humana" (E. Wilson), "Condição pós-moderna" (D. Harvey) e outras fontes mais secundárias.

Até a parte em que cheguei no Da natureza humana, alguns pontos ficaram claros para mim. O autor quer questionar o quanto o comportamento social humano é determinado geneticamente. Sua argumentação está me parecendo muito flexível, ou melhor, "não-radical", na falta de outro termo. Pois ele não chega a dizer que (um exemplo bem fraco, mas...) um filho de assassino também será assassino. Seu caminho é outro – ele fala mais em termos sociais, ou macro-sociais, com indícios retirado de estudo de populações, e não tanto de casos individuais e específicos.

Wilson leva adiante – seguindo o pensamento evolucionista de que partimos de uma origem comum a outras espécies, como macacos e chipanzés – comparações entre seres humanos e outras categorias de animais e mostra evidências de características de comportamento social compartilhadas. Ele diz, por exemplo (WILSON, E.. Da natureza humana. Ed. da Universidade de São Paulo, São Paulo, 1981, pág. 20.):

- nossos grupamentos sociais íntimos reúnem entre dez e cem adultos; jamais dois, como na maioria das aves e sagüis, ou até milhares, como em muitas espécies de peixes;

- os machos são maiores que as fêmeas (há um uma série de informações sobre esse aspecto...);

- os jovens são moldados (não seria melhor dizer educados? hehe) através de um longo período de treinamento social, primeiro com a mãe, depois, em grau crescente, com outras crianças da mesma idade e sexo;

- o jogo social é uma atividade fortemente desenvolvida, incluindo a prática dos papéis sociais, a agressão simulada, a prática sexual e a exploração.

Fazendo também comparações com outros mamíferos, ele defende que alguns dos sinais usados para organizar o comportamento podem ser derivados dos costumes ancestrais ainda exibidos por macacos do Velho Mundo (seria Ásia?? África??) e pelos grandes símios. A expressão de medo, o sorriso, e até a gargalhada encontram paralelos nas expressões faciais dos chimpanzés – sendo que esses também demonstram, ainda que em grau muitíssimo menor que a nossa, uma capacidade de comunicação simbólica. Nós, humanos, somos seres de comportamento basicamente simbólico.

Onde quero chegar? Bem, acredito, sim, que parte do que somos vem de nosso lado animal. Temos o costume de esquecer dessa origem, dessa nossa natureza, que nos deixou, certamente, heranças comportamentais. Não estou sendo determinista, mas acredito que o comportamento social humano é resultado de uma mescla entre genética (comportamento de espécie) e cultura. Só não sei o peso de cada um no fim das contas...

Depois disso tudo, e percebendo a natureza ao redor, o que me questiono é se estamos ficando mais ou menos humanos com o passar dos tempos. O que seria "humano"? Se encararmos humano como "não-animal", tudo o que nos afasta dos comportamentos animais seria, então, "humanizante". Bem, não percebo em animais (e talvez menos ainda em nossos "parentes" primatas e mamíferos), pelo menos não em um grau tão elevado como em nossa sociedade, a exploração, o assassinato, o individualismo, o egoísmo exacerbado, a corrupção, a desonestidade... Talvez assim estejamos nos humanizando, não? Ao agir seguindo essas condutas tão pouco praticadas na natureza... Não seria melhor, então, sermos mais animais do que humanos? Não seria melhor nos "desumanizarmos" um pouco? É claro que existe a parte ruim de cada espécie, a dose de maldade em um ou outro indivíduo etc. Mas quem presta atenção no mundo natural sabe que há "regras" que inexplicavelmente harmonizam tudo no fim das contas. Basta analisar uma cadeia alimentar qualquer: tudo bonitinho, funcionando – ciclos com altos e baixos de predaores e prezas, alimento disponível, território necessário etc. Até que uma ação humana interfira.

Não sei se consegui expressar tudo o que se passa em minha mente quando uno todos esses conceitos e fico pensando... Mas me pergunto se não é o caso de deixarmos de ser tão humanos, demasiado humanos (ainda lerei o livro de Nietzsche), voltar mais a nossa parte animal... Quem sabe assim consigamos nos enquadrar na harmonia natural que flui quando paramos de impor nossa humanidade por aí.

Amor pós-moderno

(aproveitando esses dias imersa em livros sobre o tema para um seminário na faculdade...)


Amor pós-moderno

Naqueles momentos típicos de solidão,
ao dormir ou acordar,
vejo não sentir-me mais só.
Agora sempre tenho um sorriso
esboçado ao canto da boca
e refletido internamente na alma.
Tudo hoje é fulgáz, dizem por aí.
Mas ainda assim, uma imagem permanece:
nós.

Rala-e-rola

E a manchete do dia foi: (Uol/Folhaonline)

Após despencar mais de 8%, Bovespa reduz queda

Ha-ha-ha. Não entendo nada de mercado financeiro, mas digam o que disserem, nada me tira da cabeça que é aquela especulação de sempre. O capitalismo é como um relacionamento amoroso: sem umas briguinhas de vez em quando, fica meio monótono; depois delas, vêm as pazes, seguidas do "rala-e-rola". Só que no caso da economia, alguns ralam e outros rolam...

A verdade

Mies van der Rohe disse: "a verdade é a significação dos fatos". Num primeiro segundo concordei. Mas depois pensei e vi que tenho outra opinião. Se eu soubesse filosofia, poderia colocar aqui se alguém mais disse, e quem disse, o que vou dizer (e obviamente de um modo muito melhor). Não é para simplesmente discordar do van der Rohe, mas a partir da frase dele o pensamento surgiu.

Se a verdade fosse uma significação dos fatos, haveria muitas verdades, pois a significação de algo varia muito de acordo com culturas, sociedades e até mesmo indivíduos. E para mim, verdade é algo universal, invariável. Se não for universal, não acho que seja verdade, mas um ponto de vista (e para Nietzsche verdade é "exatamente" isso - um ponto de vista).

A minha pergunta é: a verdade existe (sob esse meu conceito de universalidade)?

Opa, um grande amigo acaba de retornar ao Brasil e está ao telefone! Outra hora retomo esse post!

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Música da semana

Esses dias lembrei de uma música a partir de uma conversa. Essa é uma das que mais me dá um sentimento de esperança, que me faz bem ouvir, me deixa feliz, me faz respirar fundo... E é parte de uma cena belíssima do filme Mar Adentro. Acho que não teria música melhor para a sensação de se estar voando!

Nessun Dorma (ouvir)

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Uma visão do Brasil

Vamos lá. Faz bem ver nosso país com bons olhos. Não que se resuma ao dito nesse texto que tirei do Conversa Afiada, um "resuminho" de uma reportagem da Vanity Fair. Mas é um bom começo. Vamos parar de encarar o Brasil como o país que foi do futuro e agora vai ficando para trás. Vamos encarar como país cheio de potencias, mas que precisa de muita coisa arrumada para andar melhor. Aposto que a psicologia explica algo sobre uma visão negativa de algo influenciar no desfecho para esse algo... Não é fechar os olhos para o que temos de ruim, mas abrir os olhos para o que temos de bom e disso tirar forças para consertar o resto!

VANITY FAIR – O BRAZIL PARA AMERICANOS

Paulo Henrique Amorim

Máximas e Mínimas 606


. Amiga minha, belíssima, por sinal, que está em Nova York, acaba de ler para mim, ao telefone, alguns tópicos da edição da Vanity Fair, de setembro.

. A Vanity Fair diz tudo o que o Brazil – e a mídia conservadora (e golpista) não costuma dizer.

. Vamos lá:

Na capa, Gisele Bundchen.

Tudo o que Hollywood queria ser e não é, o Brazil é.

Vida noturna, música, festas, fun – e sem culpa.

Ao nascer, o brazileiro tem direito à boa vida !

O pobre ao lado do rico.

O cirurgião plástico de manhã levanta a bunda das mulheres e de tarde conserta crianças com lábios leporinos.

Maleável e mais homogêneo e não tão hierárquico: como eles dizem,
todo mundo tem um “pé na cozinha”.

O mundo se divide em peito e bunda – Brazil é a capital mundial da bunda.

Todos nós somos um pouco brazileiros: o Brazil tem a maior população do Japão fora das lojas Prada.

Um presidente praticamente analfabeto, que veio de uma abissal pobreza rural governa um país que tem uma economia de um trilhão de dólares; surplus comercial; que aumentou o salário mínimo de US$ 50 para US$ 300; a inflação desabou e o crescimento está acima de 3%.

Todo mundo olha para a China que é vingativa e tem uma indústria que consome os recursos do mundo.

Olha para a Índia do século XXII, que tem uma infra-estrutura do século XIX e filosofia do século III.

E a Rússia, de coração negro e alma de marzipan, uma sociedade cruel e exploradora.

E ninguém parece prestar atenção ao quarto cavaleiro do futuro, o Brazil.

Que é tão grande quanto os Estados Unidos continental, tem 20% da água do mundo e tudo o que você plantar lá dá.

O Brazil tem uma capacidade de crescimento impressionante.

O Brazil é o segundo time de todo mundo.

Todas as associações que você fizer com o Brazil serão bem sucedidas e sexy: samba, Ipanema, bundas, futebol, floresta amazônica, e bio-fuel - o etanol.

O Brazil pode fornecer energia a metade do mundo, com o etanol.

E quando você entra num bar para tomar suco de frutas, as dez primeiras frutas você conhece. Das outras 12 que você nunca ouviu falar.

O Brazil é os Estados Unidos de 1850.

Com uma música muito melhor.

***

P.S.: só espero que, se o Brasil é os EUA de 1850, não se torne os EUA de 2007...

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Não é magia, é tecnologia

E que coisa boa é esse tal de wireless! Agora meu computadorzinho fica aqui, bem perto... Vem idéia na cabeça, fica mais fácil de escrever! Vou poder diminuir minhas notas mentais!!

Questionamentos sobre a individualidade

Estou lendo nesse momento o texto de Walter Benjamin "A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica". Em um trecho, falando um pouco sobre como a obra de arte sempre foi passível de reprodução, mas não com a velocidade como vemos hoje, ele diz que "com a litografia, as técnicas de reprodução fizeram um progresso decisivo. (...) Assim, o desenho pôde, a partir de então, ilustrar as ocorrências cotidianas".

E daí me veio à mente o seguinte questionamento: será que quanto mais sabemos "do outro" (da sociedade global, das outras culturas, do que acontece além de nossas relações próximas), mais queremos saber de nós mesmos, mas nos voltamos para o eu? E então por isso o crescimento, paralelo ao imenso desenvolvimento da comunicação de massa, do individualismo?

Sim, a cultura de massa busca construir essa noção do "ser para si mesmo", do personalizado, principalmente através do consumo e da criação de uma idéia de que todos devemos (e então acabamos querendo) ser originais, ser "um" diferente do "todo". Mas será que é só esse agente externo??? Me pergunto se não há um algo interior nos empurrando para nós mesmos como uma reação ao movimento externo de fusão entre culturas, entre sociedades diferentes; se não há uma atitude, mesmo que inconsciente, da partícula-indivíduo tentando se estabelecer perante o furacão do todo, dessa globalização que parece uma onda varrendo especificidades. Quero dizer que talvez numa perspectiva de pulverização de costumes, valores, ideologias, onde somos parte de tudo, um tudo muito gigante - que não é nosso bairro, nossa família nem mesmo nosso país, mas sim a existência humana -, nossa individualidade se esforce para se defender dessa generalização. Pois é muito claro de se ver o seguinte: hoje o mundo é cada vez mais uma coisa só para todos, cada vez mais parecido em qualquer parte do globo (existem, claro, exceções). Então se por um lado há um fenômeno de homogeneização, por outro há a busca da heterogeneidade através do individualismo exacerbado. Até onde esse "dividir os homens", essa "perda do sentimento de grupo" é devida a uma pressão externa e até onde é vinda de dentro de nós? Alguém está nos afastando do próximo, do outro, ou seremos nós mesmos, numa tentativa de conservarmos os limites do nosso eu?

Olha a sociologia e a psicologia se encontrando...

Pílula do dia seguinte

Vi uma notícia na Folha Online dizendo que passa a ser distribuída gratuitamente no estado de SP a "pílula do dia seguinte". Para recebê-la, a pessoa precisa ter uma receita médica. Mas, até onde sei, essa pílula não é abortiva??? Bom, se for tomada até umas 24 ou 48 horas após o ato sexual, provavelmente a fecundação não terá ocorrido, então não há aborto. Só que é um prazo muito variável... Enfim... Só quero dizer o seguinte: aborto não é legalizado no Brasil, salvo alguns casos muito específicos. Essa distribuição gratuita significa o quê? Um passinho em direção a uma legalização? Flexibilização da lei? Significa que ninguém está nem aí para essa lei, inclusive o governo? O maluco é que a notícia veio nua e crua, nenhuma opinião pró nem contra; apenas a divulgação do fato. Será que ninguém vai questionar isso? Não que eu seja contra ou a favor - tenho uma opinião mas não quero expressá-la aqui, agora. Tem um outro post que escrevi que mostra um pouco do que penso, o Aborto. Mas me pergunto se essa atitude vai passar despercebida... Afinal, é uma questão polêmica, no mínimo. Podemos ligar a ela desde religião até igualdade social. Espero que alguém diga algo sobre essa distribuição, que seja contra ou a favor, mas que diga! Estou curiosa para ver se haverá alguma reação na sociedade...

O hoje, o caos, a mente e a alma

O que escrever sobre os dias de hoje? No meio dessa crise geral de valores, princípios, conceitos, no meio da tal "desumanização" do indivíduo, da "banalização" da vida, no meio dessa bagunça que dizem haver por aí, estamos nós, pessoas comuns. É esquisito, porque ao mesmo tempo que sinto em meu dia-a-dia, que vejo acontecer a meu redor, todas as coisas das quais falei, também vejo a vida caminhando. Continuo amando, sorrindo, chorando, sentindo, querendo, pensando... Será que é possível enxergar como o todo afeta as partes (quer dizer, quando você é a parte... será que isso é perceptível?).

Às vezes me pergunto se a humanidade está mesmo chegando a um ponto de caos existencial ou se só estamos caminhando por mais um período histórico que em alguns séculos terá uma denominação "x" nos livros... "A sociedade capitalista predominou entre os séculos XIX e XXV, e caminhou para uma crise intensa de seus valores, chegando ao niilismo total para enfim renascer, sob o que ficou conhecido como "renascimento global".... kkkkk Que viagem... Nietzsche acreditava em algo assim... Quem sabe ele não estava certo? Alguns dizem que os mais sábios são os loucos!

"Enquanto todo mundo espera a cura do mal e a loucura finge que isso tudo é normal, eu finjo ter paciência... O mundo vai girando cada vez mais veloz, a gente espera do mundo e o mundo espera de nós um pouco mais de paciência..." - isso é parte de uma música do Lenine.

Acho, sim, que o corpo pede um pouco mais de alma. Estamos num ponto tão alto de racionalidade, de valorização da mente, que mesmo com essas mini-seitas-crenças-filosofias por aí, estamos ligados demais ao pensamento científico, ao que é passível de provas, ao que é concreto... Poxa vida, nos dizem que em nosso corpo temos bilhões de moléculas, que somos formados por átomos, coisas que nunca vemos pessoalmente - e acreditamos nisso. Por que é tão difícil acreditar numa alma??? Por que somos tão hesitantes em crer no que não entendemos?? Por que somos tão matéria? O amor existe! Não podemos provar isso, mas podemos sentir! Por que não acreditar numa existência da alma, que não é vista, mas por muitos é sentida? Será que alma é coisa pessoal? Só tem quem quer? Será que é algo como amar? Você não explica, mas às vezes acontece???

Acredito na mente tanto quanto acredito na alma. Acho que o ser humano completo é formado pelos dois... Sem um lado, o outro fica menor.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Para quem acha que aquecimento global é besteira...

A reportagem abaixo eu li no gabeira.com agora cedo. Não é possível ver essas notícias sem pensar que provavelmente temos a ver com tudo isso. Vale, para reforçar, assistir ao ótimo documentário do All Gore: "Uma verdade incoveniente".

Início de 2007 bate recorde de eventos climáticos extremos

O mundo registrou uma série recorde de eventos climáticos extremos no começo de 2007, incluindo as enchentes na Ásia, as ondas de calor na Europa e a precipitação de neve na África do Sul, afirmou na Terça-feira a agência meteorológica da Organização das Nações Unidas (ONU). A informação é da agência de notícias Reuters.

A Organização Meteorológica Mundial (WMO) disse que, em Janeiro e em Abril, as temperaturas das áreas de terra firme do planeta haviam sido, provavelmente, as mais altas desde que as medições começaram a ser feitas, em 1880, ficando mais de 1 grau Celsius acima da média para esses meses.

Também houve, neste ano, grandes enchentes provocadas pelas monções no sul da Ásia, chuvas anormalmente fortes no norte da Europa, na China, no Sudão, em Moçambique e no Uruguai, ondas de calor violentas no sul da Europa e na Rússia e um volume inusual de neve na África do Sul e na América do Sul, afirmou a WMO.

- O começo do ano de 2007 revelou-se um período de grande atividade em termos de ocorrências climáticas extremas - disse a jornalistas, em Genebra, Omar Baddour, membro do Programa Mundial para o Clima.

Apesar de a maior parte dos cientistas acreditar que as condições meteorológicas extremas tendem a agravar-se à medida que ganhar mais força o efeito estufa, Baddour afirmou ser impossível prever com segurança como será a segunda metade do ano.

O Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC), um grupo da ONU que reúne centenas de especialistas, apontou para uma tendência de aumento do número de eventos meteorológicos extremos nos últimos 50 anos e disse que a quantidade desses eventos deve crescer ainda mais.

As enchentes no sul da Ásia atingiram 30 milhões de pessoas na Índia, em Bangladesh e no Nepal. Chuvas fortes também castigaram o sul da China, prejudicando quase 14 milhões de pessoas, disse a WMO.

A Inglaterra e o País de Gales registraram seus meses de maio e junho mais chuvosos desde o início dos registros, em 1766. A Alemanha, de outro lado, experimentou seu mês de abril mais seco desde o início das medições, em 1901. Mas o último mês de maio foi o mais chuvoso do país desde o começo dos registros.

O Uruguai enfrentou suas piores enchentes desde 1959, e a Argentina e o Chile registraram em Julho um inverno mais rigoroso do que o esperado.

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Até biologia tem

E agora vou mergulhar numa nova aventura: livro recomendado, questão posta: o amor é natural? Viche... vai saber. Será que vou entender algo? Sociobiologia!
Vamos lá...
"Da natureza humana" - Edward Wilson.
Espero que dê tempo de ler...

Um certo desabafo

Vivo em mim mesma,
mas vivo em outros?
Eles me tocam, me arranham,
me fazem chorar,
me chamam pelo nome,
mas nem sei quem são
(e por que deveria?).
Dizer que amo é fácil,
difícil é amar, é viver o amar.
Num mundo tão cheio de gente
por que cada vez é mais longa
a distância entre nós?
Olho o mundo e até o entendo,
mas uma pedra me amarra a mim mesma.
Enquanto isso tudo passa,
e eu aqui, pensando...

Aaaaaauuula! E sociologia

Pois é... voltou minha inspiração para posts: aula! Semana passada foi meio que apenas apresentação das disciplinas, mas essa semana... A aula de sociologia hoje, por exemplo, foi ótima. Li um texto do Zygmund Bauman - o posfácio "Escrever; escrever sociologia" do livro "Modernidade Líquida". Nunca tinha ouvido falar dele, muito menos desse livro. Sou uma quase ignorante em sociologia, principalmente em se tratando de pensamentos contemporâneos. Mas aos poucos vou conhecendo um pouquinho mais. Agora, por exemplo, tenho mais um livro para ler - esse Modernidade Líquida.

Hoje, dentre muitas das coisas interessantíssimas vistas na aula (muito boa, por sinal!), surgiu o assunto da diferença entre fatalidade e destino. Bauman diz que a fatalidade tem uma origem natural e basicamente compreensível; ou seja, somos capazes de descobrir suas causas e de tentar combatê-las se quisermos. Para ele, a vocação da sociologia é emancipar o destino da fatalidade, de torná-lo livre para confrontar a fatalidade e desafiá-la.

Não é lindo isso? Desafiar a fatalidade. Não se conformar com o que vemos. Não achar que as coisas são como são porque têm que ser. Isso é lindo! Isso é uma certa forma de impulso interior para continuar vivendo num mundo que talvez vá contra o que acreditamos, um modo de pensar ativo, reflexivo, questionador. Não-conformista. Pois de tudo o que não quero ser, certamente está uma pessoa conformada. E não há nada mais conformista que achar que o acaso é o responsável por grande parte dos males. Não, não é destino vivermos assim; é obra nossa. Nosso destino, como disse bem minha ótima professora, é ser feliz! O destino de todo ser humano é ser feliz. Quando isso não acontece, é culpa de alguém. A infelicidade certamente é uma fatalidade.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

28

Mais um ano! Que bom é viver... Que bom ter minha família por perto... Ter pessoas para amar! Que bom ter amigos tão especiais com quem comemorar! Que bom poder dizer que sou feliz, e muito! Apesar de tudo que me decepciona nesse mundo estranho, é bom demais me sentir viva, poder ver as coisas acontecendo, poder passar por essa existência. Espero deixar algo de bom para trás, espero acrescentar algo positivo por essa vida que tenho ainda pela frente. Quero viver muito!

quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Quase

Quase lá... quase 28... Sabe que não estou triste? Envelhecer - pelo menos por enquanto - não me causa sensações ruins. Como eu digo: "me sinto cada vez mais eu". Mas não sei como será em algum tempo começar a ver rugas e mais rugas. Será que vou me afligir? Dizem que a crise mesmo é nos 30! Vamos ver!!!

Mídia, sua #‡≈*!!!

A cobertura da mídia é uma das coisas mais ridículas que existem nesse país. E a tv tem a pior de todas! O triste é que praticamente 100% da população brasileira tem acesso a tv aberta, e utiliza esse meio como fonte de informações sobre o mundo. Ou seja... quem realmente governa o país? Será que se a Record passar a Globo um dia, o Brasil vai virar evangélico oficialmente? Hehehe... Rir para não chorar, rir para não chorar...

terça-feira, 31 de julho de 2007

Será a crise do ano?

Há alguns dias em que me sinto tão pequena no mundo; me sinto incapaz de qualquer coisa, me sinto ignorante de tudo o que importa, me sinto sem forças e sem vontades, me sinto esmagada pela vida. Começo a ver tudo que não sei e que não faço, começo a pensar em tudo o que há para ser melhorado por aí e sinto o peso da inércia me arrastando para longe da realidade. Esses dias às vezes duram muito, e me fazem murchar, me encasular, querer dormir... E o frio piora ainda mais as coisas, pois uma de minhas grandes fontes de alegria, o calor do sol, não está aqui para me socorrer.
Estou numa fase um pouco ruim. Faz dias que não me sinto para escrever... tanto que tenho postado bem pouco. Não que esteja triiiiste. Consigo sair para me divertir, sorrir, passar momentos bons com amigos. Mas o que realmente me importa, minha existência, o sentido de minha existência, está um pouco suspenso. Tenho me sentido tão superficial... Será que as pessoas que admiro se sentiram assim algum dia? Não é possível que tudo seja sempre flores... Preciso aprender a conviver com isso. E logo agora que meu aniversário está chegando! Bom, mas estava demorando. Tenho percebido que passo por pelo menos 1 crise existencial por ano; algumas mais profundas, outras mais passageiras. Essa acho que não vai durar muito. Mas está me fazendo querer hibernar. E meus dedos estão congelando! Outra coisa para me tirar ainda mais a vontade de escrever. Acho que vou tentar um poeminha para os próximos dias, quem sabe não me anima um pouco?

domingo, 29 de julho de 2007

Desabafo

Eu simplesmente odeio, odeio, odeio, odeeeeeio esse frio. Que droga de tempo que não melhora!

sábado, 28 de julho de 2007

Hino brasileiro

Aproveitando a influência do Pan, coloco aqui nosso hino nacional. Ele gera muita controvérsia entre opiniões, mas eu particularmente o amo. Não é porque a letra é complicada que ele deixa de ser bonito. É claro que tem muitas inversões e palavras raras, mas o que ele diz emociona, e acho uma pena se grande parte da população não depreende o sentido de algumas passagens. Quem interpreta sua letra certamente se emociona. Nossa pátria certamente é muito gentil conosco; só não sei se temos sido com ela...














HINO NACIONAL DO BRASIL (ouvir)

I

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas
De um povo heróico o brado retumbante,
E o sol da Liberdade, em raios fúlgidos,
Brilhou no céu da Pátria nesse instante.

Se o penhor dessa igualdade
Conseguimos conquistar com braço forte,
Em teu seio, ó Liberdade,
Desafia o nosso peito a própria morte!

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, um sonho intenso, um raio vívido
De amor e de esperança à terra desce,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido,
A imagem do Cruzeiro resplandece.

Gigante pela própria natureza,
És belo, és forte, impávido colosso,
E o teu futuro espelha essa grandeza

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada,
Brasil!

II

Deitado eternamente em berço esplêndido,
Ao som do mar e à luz do céu profundo,
Fulguras, ó Brasil, florão da América,
Iluminado ao sol do Novo Mundo!

Do que a terra mais garrida
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores;
"Nossos bosques têm mais vida",
"Nossa vida" no teu seio "mais amores".

Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo
O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro desta flâmula
- Paz no futuro e glória no passado.

Mas, se ergues da justiça a clava forte,
Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!

Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Decepções sempre acontecem

Fui dar uma passadinha no Blog do Cristovam (Duarte) e olha o texto com o qual me deparo!


Falecimento de Antônio Carlos Magalhães - Agência Senado
"Todos sentirão que a política brasileira ficou menor sem a presença de ACM''


Escrito por Cristovam Buarque

O Senado e o Brasil têm muito a lamentar com a morte do senador Antônio Carlos Magalhães. Perdemos um senador que tinha uma característica rara na política brasileira hoje: ele era um político sólido em um tempo em que os políticos ficaram “gasosos”. Um político determinado, que sabia o que queria defender e levava às últimas conseqüências os objetivos que tinha.

Aliou-se a forças que relegaram o papel do Legislativo quando achou preciso. Ao mesmo tempo, soube mostrar-se um grande defensor do Legislativo, como em 1984, quando teve um papel fundamental na redemocratização ao ser aquele que mais fortemente enfrentou o poder militar em defesa da campanha de Tancredo Neves.

Independentemente de seu papel no desenvolvimento econômico da Bahia, Antônio Carlos Magalhães deixa dois legados sociais na política brasileira. O primeiro é o Fundo para Erradicação da Pobreza, sem o qual Fernando Henrique Cardoso não teria tido recursos para implantar o Bolsa-Escola e o presidente Lula não teria como implantar o Bolsa-Família. Participei do seminário que ele organizou no Senado, no qual surgiu a idéia do Fundo, e fui testemunha de como usou sua força e competência para aprová-lo.

Sua outra contribuição recente foi o Projeto de Lei para tornar o Orçamento impositivo. Amigos ou inimigos, aliados ou adversários, todos sentirão que a política brasileira ficou menor sem a presença de Antônio Carlos Magalhães.


A melhor parte é o final: "amigos ou inimigos, aliados ou adversários, todos sentirão que a política brasileira ficou menor sem a presença de Antônio Carlos Magalhães"... Hã-hã... Eu não! Vou encarar o final do primeiro parágrafo com ironia, quando é dito que ele foi um "político determinado, que sabia o que queria defender e levava às últimas conseqüências os objetivos que tinha". Com essa tenho que concordar! Mas é decepcionante ver esse texto assinado pelo Cristovam. E, sinceramente, não toooorciiiiii pela morte do ACM, mas fiquei feliz depois que ela aconteceu...

terça-feira, 24 de julho de 2007

Recomendo

Para não ficarmos presos ao que nos querem fazer pensar as grandes redes de televisão, recomendo acesso a outras fontes de informação, através da internet, principalmente. Infelizmente é um meio com acesso ainda restrito, mas pelo menos é muito mais fácil publicar nela que nos meios convencionais. Logo, não é preciso grana para tanto, somente ter o que dizer. Às vezes pode ser difícil filtrar as coisas, mas com o tempo vamos conhecendo alguns canais mais úteis.

Abaixo vou colocar alguns sites nos quais sempre "dou uma olhada" para ter diferentes versões de um mesmo fato. Tem de tudo: direita, esquerda, em cima do muro, contra todos etc. Mas a partir deles podemos pinçar algumas coisas que se repetem em todos e, desse jeito, talvez nos aproximemos um pouco da verdade...

Uma mostra disso é o recente acidente em Congonhas. Tem gente culpando o aeroporto (logo, o governo Lula); tem gente culpando o avião (logo, o crescimento desordenado do tráfego aéreo, culpa para mais de um governo); tem gente culpando todos... O que penso é que, antes de dizermos qualquer coisa, o melhor é ouvir/ler muito (e de muitos lados).

Vale ver:
Conversa Afiada
Blog do Tas
Centro de Mídia Independente
Estadão
BBC Brasil
Gabeira.com
Observatório da Imprensa
UOL
Caros Amigos

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Um dos primeiros poemas

Nesses últimos dias não tenho tido muita vontade de escrever. Aliás, esse tempo frio está me cansando já; me deixa sem ânimo para um monte de coisa. Para não deixar o blog abandonado, vou postar esse poema que adoro, da Cecília Meireles. Foi um dos primeiros que conheci, (tirando músicas, né) - eu estava na 8a série, em 1993 (hehehe...)-, e foi através de uma professora de teatro - a única vez que tive aula de teatro na vida em uma escola! Essa professora era sensacional, a Sara; tenho certeza de que todos que estudaram comigo naquela época concordariam. Ela era um adulto diferente no meio daqueles atritos intermináveis próprios da idade - início de adolescência. Era uma amiga, confidente, próxima de nós como qualquer outro amigo de sala. E numa das primeiras aulas aprendemos esse poema para "treinarmos" recitar. Foi apaixonante! Nunca mais esqueci. Aqui está ele (e ler em voz alta é muito melhor que apenas com a mente):


CANÇÃO

Nunca eu tivera querido
dizer palavra tão louca:
bateu-me o vento na boca,
e depois no teu ouvido.
Levou somente a palavra,
deixou ficar o sentido.
O sentido está guardado
no rosto com que te miro,
neste perdido suspiro
que te segue alucinado,
no meu sorriso suspenso
como um beijo malogrado.
Nunca ninguém viu ninguém
que o amor pusesse tão triste.
Essa tristeza não viste,
e eu sei que ela se vê bem…
Só se aquele mesmo vento
fechou teus olhos, também…

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Acidente II

Em uma coisa eu tenho que concordar com o PHA, no Conversa Afiada: o Serra já falou mais sobre o acidente da TAM do que sobre a cratera do Metrô...
Só para lembrar:
cratera - responsabilidade do governo estadual;
aeroportos - responsabilidade do governo federal.

terça-feira, 17 de julho de 2007

Acidente I

Acabei de chegar da aula, ligo a TV e me pergunto se estou realmente vendo aquela notícia. Avião derrapando numa pista recém-reformada? Provavelmente causando a morte de 176 pessoas??? No maior e mais movimentado aeroporto do país???

Não é possível.

Sinto pelas vítimas, familiares e amigos.

É esse o país que temos construído...

Louvar

Essa música tem estado em minha cabeça há uns 10 dias. E agora sempre a canto, mesmo que só internamente, quando quero me centrar e me aproximar de minha alma; quando quero agradecer por tudo de bom que vejo, ouço, sinto... O melhor é que essa letra não diz nada específico, como Deus ou Pai, ou nada de uma religião em si. É um louvor apenas. Pode ser cantada tanto por quem acredita que há um Deus quanto por quem acredita que esse ser superior é a natureza, ou uma energia, ou o que for... Bom, aprendi na Igreja Católica; mas não vou negar que aprendi muitas coisas boas através dessa igreja, mesmo discordando de muitos pontos e hoje não me considerando parte dela. Mas vamos lá... Essa música eu recomendo para quem tiver muito o que agradecer, como eu!

QUERO LOUVAR-TE (tem uma versãozinha cantada aqui)

Quero louvar-te sempre mais e mais!
Quero louvar-te sempre mais e mais!
Buscar o Teu querer, Tua graça conhecer,
quero louvar-te...

As aves do céu cantam para Ti,
as feras do campo refletem Teu poder...
Quero cantar, quero levantar as minhas mãos a Ti!

Quero sentir-te sempre mais e mais!
Quero sentir-te sempre mais e mais!
Buscar o Teu querer, Tua graça conhecer,
quero sentir-te...

As aves do céu cantam para Ti,
as feras do campo refletem Teu poder...
Quero cantar, quero levantar as minhas mãos a Ti!

Quero amar-te sempre mais e mais!
Quero amar-te sempre mais e mais!
Buscar o Teu querer, Tua graça conhecer,
quero amar-te...

As aves do céu cantam para Ti,
as feras do campo refletem Teu poder...
Quero cantar, quero levantar as minhas mãos a Ti!

sábado, 14 de julho de 2007

Depois de algumas IX

Antes morrer de vodka do que de tédio.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Correria

Nossa, não tenho tido tempo para escrever... Não que eu esteja me dedicando ao espírito, hehehe... Seminário sobre a Infância, prova e trabalhos para entregar... Essa semana está um caos no meu tempo. Espero que daqui uns dias tudo se acalme. Mas tenho muitas coisas desse seminário sobre o que falar! Foi muito bom!

terça-feira, 10 de julho de 2007

Clima bom

Essa temporada de céu bonito e dias agradáveis está me fazendo um bem! Espero que dure muito...

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Um porquê para a sociedade

Tecendo a manhã
(João Cabral de Melo Neto)

Um galo sozinho não tece uma manhã:
ele precisará sempre de outros galos.
De um que apanhe esse grito que ele
e o lance a outro; de um outro galo
que apanhe o grito de um galo antes
e o lance a outro; e de outros galos
que com muitos outros galos se cruzem
os fios de sol de seus gritos de galo,
para que a manhã, desde uma teia tênue,
se vá tecendo, entre todos os galos.
E se encorpando em tela, entre todos,
se erguendo tenda, onde entrem todos,
se entretendendo para todos, no toldo
(a manhã) que plana livre de armação.
A manhã, toldo de um tecido tão aéreo
que, tecido, se eleva por si: luz balão.

Para fechar

Música boa para fechar o balanço! De Tom Zé.


O RISO E A FACA

Quero ser o riso e o dente
quero ser o dente e a faca
quero ser a faca e o corte
em um só beijo vermelho
Eu sou a raiva e a vacina
procura de pecado e conselho
espaço entre a dor e o consolo
a briga entre a luz e o espelho

Fiz meu berço na viração
eu só descanso na tempestade
só adormeço no furacão

Balanço

Dias de introspecção. Fechar os olhos e ver o escuro que é nossa mente, deixar a água cair e molhar o rosto, para ver se me molho por dentro. Pergunto a mim mesma se sou o que realmente imaginei ou se sou algo completamente diferente. Sou para mim o que sou para os outros? Às vezes acho que nós, seres humanos, tendemos a complicar demais coisas simples. Eu complico também. Mas o simples é tão aberto, parece tão transparente que às vezes acho que não consigo vê-lo.

A paciência: é algo que me falta. Será que com a idade ela virá, ou serei essa eterna corrida interior?

A sociabilidade/interação: gosto mas nem sempre a visto. Comigo mesma acabo conhecendo mais de um ser humano do que com muitas pessoas. Pelo menos conheço um pouco mais de mim. O interior dos outros é tão difícil de ser alcançado! E essa superficialidade toda me chateia. Só que, obviamente, eu não me basto. Mas a busca de chegar no ponto central de um outro ser humano é cansativa, e na maioria das vezes falha, e me sinto o pó, levinho, no chão, com toda uma gravidade impedindo de estar no céu. Sei que nasci para não ser só, mas fico perdida nesses caminhos dos encontros. E eu também não permito esse alcance do meu interior muito facilmente.

Amor de si: existe, mas costuma se esconder. E me deixa triste... Querendo ser outra, querendo sumir, virar vento, areia, uma planta... Coisas que são e somente são, sem nada além.

A cabeça: tem um ritmo estranho. Algumas vezes é pilhada, pensa muito, diz muito. Outras tira férias e me deixa à deriva. O pior é que quando isso acontece, o coração não segura as pontas. Fica apertado, querendo pensamentos concretos. Será que quem pensa mais sofre menos?

A alma: suspiro... Está aqui, disso eu sei. Mas quer mais atenção. Estou me enraizando demais na terra, na razão, e a alma quer flutuar. Preciso deixá-la mais solta e também deixá-la agir mais. Ser sensível não significa ter a alma solta. Não é porque choro fácil que tenho uma grande alma. Outros planos... outros questionamentos... sentir o bem, não pensar e explicar tanto... Preciso deixar minha alma túrgida.

O mundo: é lindo. Agradeço pelo céu ser azul e lindo (o céu azul é uma das coisas que mais gosto nessa vida); agradeço por existirem flores e por eu ter olhos e nariz para apreciá-las; agradeço por existirem pássaros e eu poder escutá-los; agradeço por todos os animais, tão diversos e perfeitos, incluindo os seres humanos; agradeço pelo sol que nos dá seus raios de luz e calor; agradeço pela chuva que tem um cheiro tão bom e ajuda a terra; agradeço pelo vento que me faz sentir livre; agradeço por ter a oportunidade de ver tudo isso, por ter a chance de viver nesse mundo. Pois mesmo que de minha vida não se faça nada, pelo menos vivi.

Instrospecção é fogo...

quinta-feira, 5 de julho de 2007

Pausa

E falamos também sobre meditar/orar/elevar o espírito... Algo que não necessariamente tem que ser feito sentado na "posição x" em silêncio total, mas quando quisermos e conseguirmos: andando na rua, cozinhando, tomando banho, deitados na cama. O importante é se elevar a algo maior que muitos chamam de Deus, ou de outro plano... Pensar no bem das pessoas, de si mesmo, na harmonia do mundo. Buscar a paz de espírito e ficar um pouco livre do mundo dos pensamentos, da razão.

Preciso fazer mais isso... Tenho pensado demais; meu espírito está precisando de mais espaço no meu dia. Afinal, corpo, mente e alma compõem um ser humano. Pelo menos no meu modo de ver as coisas.

Vou tentar fazer uma pausa para isso.

P.S.: sempre saio muito serena dessas conversas com Rafa. Eita pessoa boa que faz parte da minha vida! Amigos assim são as melhores coisas.

Mais vegetarianismo

Acabei de conversar um tempão com um grande e especial amigo. E olha os que eu soube, através dele, que também eram vegetarianos:
Platão
Newton
Einstein
Napoleão

Sem falar dos que eu já sabia:
Ghandi
Buda
Pitágoras

Pessoas... digamos... inspiradoras, não?

Livros que quero ter

Assim como o post "Filmes que quero ter", esse aqui não deve ter fim... Muitos eu já li, mas não tenho :(. Outros ouvi falar bem e quero ter para ler!

Ocidentais - Machado de Assis

TODOS de J.-J. Rousseau (por enquanto só tenho o Emílio)

Antologia Poética - Drummond

O mundo de Sofia - ? (esqueci, hehe)

Mente Absorvente - Maria Montessori

O Físico - sei o nome não...

Pedagogia do Oprimido - Paulo Freire

I-Juca-Pirama - Gonçalves Dias

Vegetarianismo

E não é que parece que o Rousseau era vegetariano? Acabei de ler uma passagem do Emílio (pág. 186, edição de 1999, Martins Fontes) "atacando" o hábito de nos alimentarmos de carne... E ele exemplifica seu pensamento com as palavras de ninguém menos que Plutarco (opa, mais um vegetariano importante):

"Tu me perguntas, dizia Plutarco, por que Pitágoras se abstinha de comer a carne dos animais. Eu, porém, te pergunto, pelo contrário, que coragem de homem teve o primeiro que aproximou da boca uma carne morta, que quebrou com os dentes os ossos de um animal moribundo, que fez com que se servissem corpos mortos, cadáveres, e submergiu em seu estômago membros que, um instante antes, baliam, mugiam, caminhavam e viam. Como pôde sua mão enterrar um ferro no coração de um ser sensível? Como puderam seus olhos suportar um assassínio? Como pôde sangrar, esfolar, desmembrar um pobre animal indefeso?"

Digo o seguinte: ficar sem comer carne não é fácil. Principalmente em "ocasiões sociais". Mas se eu tivesse que matar um animal para comer, não o faria. É muito cômodo me utilizar das mãos alheias para isso. Talvez um peixe eu até pescasse - apesar de eu sempre ter tido dó dos peixes que meu pai e irmão e familiares pescavam. O resumo mesmo é: tenho pena dos bichinhos. Não lutamos contra eles naturalmente (essa frase o Rousseau gostaria, hehehe...). Não é o mesmo que um leão matar uma gazela. Além disso, desmatamos áreas enormes para fazer pasto e para plantar grãos que servirão de ração para esses animais, dos quais nos alimentaremos depois. As aves ficam confinadas, até se matam. Os peixes... nossa, imagina morrer por asfixia? Tadinhos... Posso ser uma idiota por estar tentando viver sem comer animais mortos. É um hábito complicado de se desvencilhar. Mas há quase 3 meses estou firme e forte. Espero que dure!

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Generalidades sobre pensamentos

E gostaria de um dia poder mandar emails de minha cabeça. Daqueles tipos "nota mental: falar sobre...". É que às vezes os pensamentos me vêm no meio da noite, no meio do trânsito, no meio do banho; e tão fácil e luminosos quanto aparecem eles se perdem e se apagam nesse turbilhão maluco da minha cabeça. E aí adeus. Se misturam com outros, se banham de escuro, afundam no cérebro. Ontem mesmo pensei em não-sei-quê e se foi. E sei que era algo sobre o qual escrever muito. Então logo depois me veio a vontade desse post. Uma das coisas boas de se escrever é guardar pensamentos, desenvolvê-los, contestá-los, retê-los. Também assim fazemos numa conversa. E fica ainda melhor! Pois aos nossos acrescentamos pensamentos de outros, ou comparamos... E nessa foi que o ser humano cresceu. Como eu disse uma redaçãozinha de cursinho, o conhecimento tanto mais cresce o quão mais é compartilhado.

Sozinha mas não só

Em mais ou menos 1 mês meu irmão estará de volta. Que bom! Sinto saudade. Mas não é uma "saudade-necessidade-de-ter-alguém-comigo-em-casa". É saudade dele mesmo; das suas chatices, de seus comentários-relâmpago sobre assuntos que não sei, de suas músicas pela manhã, da luz do quarto do piano pela fresta embaixo da porta fechada no meio da madrugada, da panelada na pia de quando se mete(talentosamente) a chef, de ouvir sobre as coisas do mundo e da vida que alguém tão diferente mas ao mesmo tempo tão parecido comigo tem a dizer. Confesso que não sinto falta NENHUMA dos programas de futebol que ele insiste em assistir. Mas fazer o quê; ele também precisa conviver com meus gatos.

E, apesar da saudade, não me foi caro ficar sozinha por esse ano. Não me sinto só comigo mesma. Fico bem até demais. Como explicar? Acho que cai bem um pouco do grande Drummond, nesse pequeno lindo poema:


AUSÊNCIA

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

Filosofia popular

E já diziam os grandes irmãos filósofos: "amores vêm e vão, são aves de verão"...

À Paulicéia

Vim a teu encontro.
Fria, dura, distante foste antes.
Mas aos poucos com tuas faces
diversas me cativaste.
E assim, aos poucos,
refém tua me vi ser;
e por tanto em ti ver
viver me era renascer
em cada ruído flamejante,
em cada dom desconsertante
descoberto em tuas veias.
E então correu em mim teu sangue.
Do que fui ainda sou,
mas ainda mais tornei-me
o eu mesma que existia
adormecido em minhas entranhas,
em minhas idéias tamanhas,
aprisionadas nas paredes
que separavam-me por vezes
do que tu me devolveste.
Nada mais me desnudara
a ponto d'eu não mais temer;
ao ver-me crua em tua cara
vi tua cara em meu saber.
E o tanto agora que me invade
faz-me um ser ambíguo ser
pois me deste a liberdade
e me fizeste me prender.

terça-feira, 3 de julho de 2007

Outro "apagão"

Notícia retirada da Folha Online. Bom, emprego aparentemente não me faltará. A princípio pretendo trabalhar com ensino infantil, mas nada é definitivo nessa vida, não é? Só não sei quais condições eu teria que enfrentar nessas escolas. Tenho ouvido histórias muito tristes... O Estado é cada vez mais apenas um instrumento de manutenção do poder das classes mais altas e cada vez menos um provedor das necessidades básicas de um regime democrático - saúde e educação.


Relatório prevê "apagão" do ensino médio no país

Estudo da Câmara da Educação Básica do Conselho Nacional de Educação aponta a necessidade de 235 mil professores

Baixos salários, violência nas escolas e falta de plano de carreira estariam entre as causas do pequeno interesse pela carreira docente

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Brasil pode viver um "apagão do ensino médio" nos próximos anos, afirma relatório da Câmara da Educação Básica do CNE (Conselho Nacional de Educação) que será divulgado hoje. Fundamentado em pesquisa do Inep (instituto de pesquisa ligado ao MEC), o texto estima a necessidade de cerca de 235 mil professores nesse nível de ensino em todo o país.
O maior déficit, de acordo com o estudo, está nas áreas de física, química, biologia e matemática. O trabalho estima que são necessários 55 mil professores de física, mas aponta que as licenciaturas da área só formaram 7.216 entre 1990 e 2001.
Os autores do relatório propõem, como medidas emergenciais, o aproveitamento de alunos de licenciatura como professores, a criação de uma espécie de Prouni para o ensino médio no caso de as escolas públicas não conseguirem atender à demanda, incentivos para aposentados retornarem à carreira e a contratação de estrangeiros.
Além da questão quantitativa, outro problema a ser enfrentado no ensino médio, de acordo com o CNE, é a formação dos professores. As únicas áreas em que mais de 50% dos professores têm licenciatura na disciplina ministrada são língua portuguesa, biologia e educação física.
O estudo aponta que o problema da falta de professores deve aumentar com o crescimento esperado do número de matrículas. Dados de 2003 mostram que, naquele ano, apenas 30% da população entre 25 e 64 anos havia concluído ao menos a etapa final da educação básica, que culmina no ensino médio, contra 83% na Alemanha e 49% no Chile.
Ainda assim, o texto do CNE aponta uma queda das matrículas nesse nível de ensino no Brasil após a expansão de 138 mil entre 2005 e 2004.
De acordo com pesquisa do Ipea citada no estudo, o número é resultado da diminuição de matrículas nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. No Norte e Nordeste houve crescimento.
Entre as causas apontadas pelo CNE para a crise dos professores está o baixo financiamento da educação. A pesquisa mostra que o Brasil investe só US$ 1.008 por aluno nessa etapa de ensino, enquanto a média é de US$ 9.835 na Alemanha, de US$ 2.387 no Chile e de US$ 2.378 na Argentina.
Além do problema salarial, o CNE credita o baixo interesse pela carreira docente a condições inadequadas de ensino, à violência nas escolas e à falta de um plano de carreira.
Os autores do texto propõem, a longo e médio prazo, dar prioridade às licenciaturas em ciências da natureza e matemática, informatizar as escolas e dar bolsas de incentivo à docência. (ANGELA PINHO)

Nariz 4 x Eu 0

Às vezes odeio meu nariz. Hoje, por exemplo, ele me está dificultando a vida.

E acordei

E não é que acordei bem? O céu está azul, comecei a ouvir música desde cedo, meu café da manhã foi ótimo e um de meus gatos está no meu colo dormindo! Para ter sido melhor só faltaram duas coisas. Uma delas é um jardim. A outra é segredo.

Para acordar bem...

...recomendo essa trilha sonora!
Para quem não lembra,
é de Os Saltimbancos Trapalhões.

ALÔ LIBERDADE (Chico Buarque)

Alô, liberdade
Desculpa eu vir
Assim sem avisar
Mas já era tarde
E os galos tão
Cansados de cantar

Bom dia, alegria
A minha companhia
Vai cantar
Sutil melodia
Pra te acordar

Quem vai querer tocar trombeta
Pem pererém pererém
Pempem
Quem vai querer tocar matraca
Tracatracatraca
Tracatraca
Quem vai de flauta e clarineta
Fi firiri
Firiri fifi
Quem é que vai de prato e facaa
Taca cheque taca
Chequetaca checá
Quem vai querer sair da banda
Pan pararan
Pararan panpan
Hoje a banda sairá

Alô, liberdade
levanta, lava o rosto
Fica em pé
Como é, liberdade ...
Vou ter que requentar
O teu café

Bom dia, alegria
A minha companhia
Vai cantar
Em doce harmonia
Pra te alegrar

Quem vem com a boca no trombone
Pom pororom
pororom pompom
Quem vem com a bossa no pandeiro
Chá carachá
Carachá chachá
E quem toca só toca telefone
Trim tiririm
Tiririm trimtrim
E quem só canta no chuveiro
Trá tralalá
Tralalá lalá
Quem vai querer sair na banda
Pan panpan
Hoje a banda sairá
Laiaralaialaialaiá
Hoje a banda sairá

Olá, liberdade!

sexta-feira, 29 de junho de 2007

Piedade

Acho que o sentimento que mais admiro não é o amor, mas a piedade. Pois creio que melhor que ter a capacidade de amar o próximo é ter a capacidade de se colocar em seu lugar.

Uma certa incerteza

A vida não é uma coisa imprevisível? Ontem tive uma notícia muito triste de uma amiga querida... Ela perdeu sua mãe há pouco tempo, de um modo totalmente inesperado. Faz pensar que em grande parte das vezes de nada adiantam os planos perante a fragilidade do que somos. É impossível saber quanto tempo estaremos nesse mundo, e talvez o melhor que tenhamos a fazer para lidar com essa incerteza é ficarmos cientes de que as pessoas não são nossas (como bem disse essa minha amiga) e não deixarmos a felicidade para daqui a pouco. Se um dia essas coisas vão fazer sentido, eu não sei; tendo a acreditar que sim. Enquanto isso, vou vivendo...

quinta-feira, 28 de junho de 2007

Robin Hood: música

Retocando uma foto de minhas amigas que tiramos no casamento de uma delas, me lembrei de uma conversa que tive na festa sobre essa animação que adoro: Robin Hood. Ele é uma raposa, todos os personagens da história são bichos. E a cena que mais gosto é a de Robin Hood com a Marian num passeio pelo bosque. A música de fundo é uma graça! Acho que até tem um pouco a ver com meu post de hoje "Conversa com o tempo".

Love (ouvir)

It seems like only yesterday
You were just a child at play
Now you're all grown up inside of me
Oh, how fast those moments flee
Once we watched a lazy world go by
Now the days seem to fly
Life is brief, but when it's gone
Love goes on and on
Love will live
Love will last
Love goes on and on and on
Once we watched a lazy world go by
Now the days seem to fly
Life is brief, but when it's gone
Love goes on and on

Mas hein?

É, onde esse mundo vai parar!
Tem cavalo virando zebra, tem homem virando mulher,
tem comida virando roupa, tem gente virando bicho...
Essa foto é realmente fantástica.
E o melhor: parece que o caso foi acidental!

Conversa com o tempo

Ah, tempo ingrato...

Tanto leva quando te preciso rápido,
tanto passa quando lento te quero.
Insistes em ser-me o oposto do certo
para quem em ti espera um aliado.
Aqueles que sentem o peito aflorado
são os que sabem o quão és cruel
- fazendo durar os minutos de espera
e os de quimera queimando ao léu.

Ah, tempo devasso...

Desfazes meu traço com tanto desdém.
Desfias a linha que horas a fio
teci na esperança de atar o momento
e aumenta o frio de quem só quer bem.

Por que não me ajudas,
oh, tempo infame?
Por que não te mudas de areia a penedo
para não escapares tão fácil em meu dedo?
Assim eu seria sempre cantante
e de ti amaria cada vão instante,
não tendo a espera do amor prolongada
e sendo no amor por ti eternizada.

O ser feliz

Em uma aula de espanhol eu e minha professora conversamos muito sobre felicidade e tristeza. Foi uma ótima conversa! Vimos que temos algumas coisas em comum. Eu descobri, por exemplo, que tenho um grande talento, hehehe... O talento para ser feliz! É que a tristeza não me veste por muito tempo. Às vezes me pergunto se isso é insensibilidade. Nada de grave que acontece comigo ou com meus próximos me parece realmente tão grave assim. Nada costuma me derrubar por muito mais que 7 dias. Acho que daqui para frente quando ficar triste, comprarei uma rosa. E então quando ela murchar totalmente vou ver que está na hora de sorrir novamente!
Mas brincadeiras à parte, isso é algo que realmente me ocorre. Não tenho vocação para tristeza. Choro à toa, me sensibilizo com qualquer coisa, mas geralmente são coisas mais distantes de mim. Sei lá... "A matança das baleias", "a fome mundial", "o derretimento das neves no Kilimanjaro" (se é assim que se escreve...), "o mendigo que morreu no frio da madrugada"... Sempre acho, quando algo ruim me toca ou toca quem gosto, que isso vai passar logo, quem tem coisas muito maiores e piores com as quais se preocupar. Defesa? Loucura? Frieza? Não sei. Talvez um pouco de cada. Só sei que rir é um vício, e poucas coisas conseguem me afastar dele por muito tempo.
Mais do que gostar de viver, gosto de viver sorrindo. E para mim ser feliz é tão fácil quanto piscar os olhos. É só prestar atenção nas pequenas coisas que acontecem todo dia. Desde acordar e ver um lindo céu azul a dormir depois de uma noite perfeita. Talvez um dos passos para a felicidade seja não procurá-la tão lá no horizonte, mas no pé de si!

Obesidade e fome

Vi a chamada para uma entrevista na TV Cultura com uma nutricionista. Não lembro o programa, não lembro o nome dela também. Mas o pouco que ela disse me chamou atenção: "a obesidade é o excesso e a fome é a escassez".
E quais são os grandes problemas mundiais de hoje relacionados a alimentação? Pode se dizer que são essas epidemias - obesidade e desnutrição... Alguns comem mais do que deveriam e outros nem chegam perto do necessário. Não é ridículo? Coloque um norte-americano típico ao lado de um somaliano típico que vai ficar óbvio.
Chegamos a um patamar de desigualdade que é vergonhoso. E só para lembrar, o mundo nunca produziu tanto alimento em toda sua história. Mas grande parte dos grãos, por exemplo, vai para alimentação animal, que por sua vez vira carne de primeira exportada dos países mais pobres para os mais ricos. Ou podem ser queimados se o excesso na produção tende a empurrar os preços para baixo. É, pois o que fazer com esse excesso, né? Queimar...
Há também o desperdício, nosso desperdício do dia-a-dia... Quem não larga um restinho no prato? Quem não compra coisa demais no supermercado que acaba estragando na geladeira? E os preços? Uma cesta básica não cabe no orçamento de um grande número de pessoas no Brasil. Em países mais pobres acho que muita gente nem sabe o que é uma cesta básica.
Penso que o que comemos reflete muito o que somos, e os hábitos alimentares dizem muito de uma sociedade. Uns com tanto e outros com tão pouco...
E essa nutricionista respondeu, ao ser perguntada sobre que é ser nutricionista num país como o Brasil:
"É uma provocação."

quarta-feira, 27 de junho de 2007

Também acho que foi vitorioso

Esse texto é da Carta Maior. Vem ao encontro do que penso sobre a ocupação de reitoria da USP, sobre a greve no geral. Não fui imparcial nas coisas que escrevi aqui sobre tudo isso. Muito pelo contrário: acho que fica claro que concordei com o movimento (e não foi só por eu ter voltado a ser estudante!). Foi muito bom vê-lo pipocar por universidades Brasil afora. Esse país está precisando agora é de um balde tamanho-Cinemark!

22/06/2007
USP: um movimento vitorioso

A greve e invasão da Reitoria da USP chega a seu final com vitória dos estudantes, funcionários e professores mobilizados pelos interesses públicos da universidade. Fazia tempo que um movimento dessa ordem não conseguia tanta adesão – das três categorias -, tanta repercussão política, tanta simpatia da população e, como resultado, uma vitória tão clara.

Seus participantes diretos estão de parabéns, deram uma lição de mobilização popular, de espírito de defesa da universidade pública, de criatividade de métodos de ação e de capacidade de negociação política – intermediados pela excelente comissão de professores que serviram como facilitadores. A USP, seus professores, estudantes, funcionários, tem que sair muito contentes e incentivados a seguir na organização e na luta pelo fortalecimento do caráter público da USP.

Grande parte das reivindicações internas à USP foram conseguidas, foi freado o projeto do governador de São Paulo para violar mais ainda a autonomia universitária, foi impedida a intervenção militar preparada pelo governo tucano no campus da universidade, foi chamada a atenção sobre a situação da USP e ficou claro que há força entre os estudantes, professores e funcionários, para defender os interesses da universidade. O que não é pouco em tempos de grandes desmobilização – em particular da juventude -, de ataques sistemáticos às universidades públicas – veja a violenta ação da polícia em Araraquara -, de ideologia da privatização do ensino, de mídia que desqualifica tudo o que é público, de desvalorização das mobilizações e das lutas de massa diretas.

O ódio concentrado da direita e de seus porta-vozes, a ação totalitária da mídia contra a mobilização servem para confirmar como ela tocou em um ponto sensível do neoliberalismo – a autonomia das universidades públicas – e como incomoda ao coro uniforme dos papagaios bushistas na imprensa oligárquica. Saem derrotados, uma vez mais.

É assim que se combate ao neoliberalismo. Com um Congresso como o do MST, em Brasilia, com 18 mil participantes fazendo um balanço sério e profundo das lutas pela reforma agrária e elaborando novo plano político e de massas para dar seguimento a suas lutas –que são as de todo o Brasil – e com mobilizações como a de 50 dias na USP. A ação desinformadora da mídia oligopólica, o enfoque redutivo nos escândalos no Congresso, a desqualificação de tudo o que não seja neoliberal – saem derrotados dessas mobilizações. Querem demonstrar que as lutas não valem a pena, que estão derrotados de antemão, que não há força contra o poder do dinheiro e o do monopólio da palavra que pretendem exercer.

Quando as lutas unificam, fortalecem a confiança em todos de que governos prepotentes como o de São Paulo podem ser derrotados, que as mobilizações populares previsam ser revigoradas, com uma nova plataforma anti-neoliberal, que articule reivindicações dos mais amplos setores sociais, que concentre seus esforços na ruptura do modelo predominante e proponha não apenas objetivos, mas meios pelos quais chegar até eles.

O pós-neoliberalismo terá no fortalecimento da esfera pública um eixo fundamental de reorganização do Estado e de sua relação com a sociedade no seu conjunto. Nessa direção, a vitoriosa luta dos estudantes, funcionários e professores da USP pode ser um passo na construção da força social e política do movimento popular brasileiro.

Postado por Emir Sader às 13:11

segunda-feira, 25 de junho de 2007

Se eu quiser falar com Deus

Hoje na aula de História da Educação o professor nos trouxe uma estranha relação que fez todo o sentido: as Regras de São Bento e a música de Gilberto Gil "Se eu quiser falar com Deus". Sinceramente, fiquei com preguiça de escrever os trechos das Regras que ele relacionou à música, mas vale ver a letra apenas. Ouvimos em sala, e um grande silêncio foi feito, apenas Gil cantando ao fundo... Incrível como eu nunca tinha prestado atenção nessa música! Linda! E não é que realmente as duas coisas se relacionam?! Parece uma poetização e adaptação para linguagem moderna desse conjunto de "conselhos" escritos há séculos para orientar os monges beneditinos. Não sei se foi a intenção de Gilberto Gil ao escrever, mas o resultado é fantástico. E essa é uma daquelas músicas que apreciamos melhor sem interferência de nenhum outro ruído, a sós, para sentirmos de verdade o que estamos ouvindo...

"Se eu quiser falar com Deus"

Se eu quiser falar com Deus
Tenho que ficar a sós
Tenho que apagar a luz
Tenho que calar a voz
Tenho que encontrar a paz
Tenho que folgar os nós
Dos sapatos, da gravata
Dos desejos, dos receios
Tenho que esquecer a data
Tenho que perder a conta
Tenho que ter mãos vazias
Ter a alma e o corpo nus
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que aceitar a dor
Tenho que comer o pão
Que o diabo amassou
Tenho que virar um cão
Tenho que lamber o chão
Dos palácios, dos castelos
Suntuosos do meu sonho
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar

Versinho

Sinto em mim coisa nova
mesmo de um antigo querer
Sinto coisa assim que aflora
uma vontade crua de ser
Um quê de ter por agora
algo para sempre ter
e ver de dentro pra fora
o que de fora meu dentro vê
Sinto um desejo de nada
só para espaço fazer
a tudo que quero inflamada
deixar para amada viver
E tudo o que senti outrora
agora parece morrer
perante essa nova aurora
do amor que então sinto nascer

domingo, 24 de junho de 2007

Sobre vida

Sei que há nuvens no céu
assim como água nos olhos
Sei que o mundo que é meu
nem sempre é mundo de todos
Sei que de mim para fora
o que há é bem diferente
dos sonhos que habitam minha mente,
da vida que em meu peito mora
Sei que talvez eu não veja
cores nas ruas que andar
Sei que o futuro é um abismo
e o passado um imenso mar
Mas sei, acima de tudo,
que ainda assim vale viver
pois sinto que aos poucos me mudo
de ser a humano ser

Um post sertanejo

A noite de ontem me fez lembrar uma música que adoro. Acho sua letra linda. Acabei acordando com ela na cabeça... Como eu disse no meu perfil, sou uma sonhadora ;) E essa música me faz pensar em coisas da vida, em coisas de amor, no futuro, no destino. Me faz ter vontade de olhar para o céu!


Um Sonhador

Eu não sei pra onde vou
Pode até não dar em nada
Minha vida segue o sol
No horizonte dessa estrada
Eu nem sei mesmo quem sou
Nessa falta de carinho
Por não ter um grande amor
Aprendi a ser sozinho
E onde o vento me levar
Vou abrir meu coração
Pode ser que num caminho,
Num atalho, num sorriso
Aconteça uma paixão
E vou achar
Num toque do destino
O brilho de um olhar
Sem medo de amar
Não vou deixar
De ser um sonhador
Pois sei vou encontrar
No fundo dos meus sonhos,
O meu grande amor

sábado, 23 de junho de 2007

Sobre o livre-arbítrio

A noite de ontem foi produtiva em se tratando de posts ;)

Lendo o Emílio, uma obra de Rousseau que estamos estudando na aula de filosofia, encontrei uma linha de pensamento que veio ao encontro de alguns questionamentos meus.

Sempre penso em tudo que há de ruim nesse mundo, e me pergunto por que temos que passar por isso. Não necessariamente eu, mas por que algumas pessoas têm que sofrer pelos atos de outra? Por que Deus não nos fez todos bons de uma vez, para que houvesse harmonia?

Então encontrei a seguinte lógica: nos tirando a liberdade de fazer o mal, Deus nos tiraria a escolha de fazer o bem. Assim, coisas das mais belas no ser humano deixariam de existir - a ética, a moral, a integridade, a piedade, o amor ao próximo...

E então passei a me perguntar não se vale a pena o livre-arbítrio, mas se vale a pena que alguns passem por sofrimentos para que todos saibamos o quanto somos capazes tanto do bem quanto do mal. Vale a pena?

Pode ser que isso seja o que realmente nos torna humanos: não "ser racional", mas especificamente poder escolher entre fazer o bem e fazer o mal.

PS: esse post provavelmente não fará muito sentido para um ateu.

Fim da Ocupação

"Não concordo com uma palavra do que dizes, mas defenderei eternamente teu direito de dizê-las". (Voltaire)

Essa frase foi lembrada por uma colega de sala ontem. Discutíamos a ocupação da reitoria da USP, seus desfechos, o processo todo das assembléias, da greve, da participação ou não dos estudantes...

A ocupação acabou ontem, após 51 dias. Sinceramente: me sinto orgulhosa pela iniciativa dos estudantes. Não fiquei lá com eles, participei de poucas assembléias, de 1 ato apenas, mas tentei acompanhar os acontecimentos e levar a visão dos estudantes para quem eu pudesse. Não acho que fiz nada, aliás, acho que fiz muito pouco, e fico feliz por haver pessoas mais ativas que eu, que dão a cara a tapa, que fazem certas coisas acontecerem.

E o que aconteceu?

Para começar, uma revitalização desse espírito de ação estudantil. Como disseram ontem em sala, "muita gente estava lá desvinculada de qualquer ideologia política ou outra, mas para defender o que achava correto". Houve uma certa integração entre pessoas muito diferentes em pró de algo maior, e isso é uma das coisas de que mais precisamos hoje em dia. É aquela frase que adoro: VER COM OLHOS LIVRES.

Depois, foram alcançados pontos de negociação muito importantes com a reitora: o compromisso de não punir os estudantes, de atender os pedidos relacionados à moradia estudantil, de realizar o congresso da USP, a abertura para construção de uma nova estatuinte. E dessa a USP precisa urgentemente. Uma estatuinte fresca, sem esse autoritarismo e essa falta de participação democrática da atual. Agora o caminho será, eu acredito, prioriariamente em direção à discussão sobre ela.

Mas algo muito deprimente também foi visto. A parcialidade total de grande parte dos meios de comunicação na cobertura dos acontecimentos. Posso dizer que provavelmente todas as pessoas que não têm acesso a internet, por exemplo, devem estar achando os estudantes causadores de balbúrdia e caos, sem mais o que fazer a não ser depredar um patrimônio público e desrespeitar autoridades. Triste, triste... Quanta gente desinformada... Como é difícil ter acesso aos fatos, e não às idéias sobre os fatos. Não queria que as pessoas necessariamente ficassem ao lado dos estudantes, mas que pelo menos pensassem e escolhessem baseadas em informações reais. Foi ridícula a cobertura da grande mídia, foi enojante.

Disso tudo, meu aprendizado foi, como falei em um outro post, sobre a dificuldade de mobilização de uma massa, sobre a falta de compromisso ético da mídia nacional, sobre a força que temos quando unidos e sobre (ainda bem) não deixar de acreditar que podemos mudar o que não concordamos.

Já que comecei citando um filósofo, vou terminar com outro. Rousseau já dizia que "tudo que o homem construiu o homem é capaz de destruir".

terça-feira, 19 de junho de 2007

Um pouco de ópera

Essa é uma ária da ópera "O Pescador de Pérolas", de Bizet. Uma das minhas favoritas árias. Linda, linda...
Dá para ouvir aqui, mas não é uma versão de ópera... Só achei essa.


"JE CROIS ENTENDRE ENCORE"

Je crois entendre encore

Caché sous les palmiers

Sa voix tendre et sonore

Comme un chant de ramiers.

Oh nuit enchanteresse

Divin ravissement

Oh souvenir charmant,

Folle ivresse, doux rêve!



Aux clartés des étoiles

Je crois encor la voir

Entr'ouvrir ses longs voiles

Aux vents tièdes du soir.

Oh nuit enchanteresse

Divin ravissement

Oh souvenir charmant

Folle ivresse, doux rêve!



Charmant Souvenir!

Charmant Souvenir!

Carta de Mário de Andrade

"... Façam ou se recusem a fazer arte, ciências, ofícios. Mas não fiquem apenas nisto, espiões da vida, camuflados em técnicos de vida espiando a multidão passar. Marchem com as multidões (...). A vida humana é que é alguma coisa a mais que ciências, artes e profissões. E é nessa vida que a liberdade tem um sentido e direito dos homens. A liberdade não é um prêmio, é uma sanção. Que há de vir."

Trecho da carta escrita por Mário de Andrade em 5 de junho de 1942, véspera da palestra que apresentaria na Faculdade de Direito do Largo São Francisco.

Creio que isso tudo não deva ser dito apenas aos estudantes, mas a qualquer um, seja qual for sua profissão, seja qual for sua vida. Há algo maior que aquilo no que acreditamos. Há a vida!

O menino

Eu vi um menino por trás de seus olhos
Quis dar-lhe minha mão p'ra ele correr
E junto comigo passar a crescer

Por trás de seus olhos um menino eu vi
E a ele também uma rosa eu quis dar
P'ra ele aprender o que é o cuidar

Por trás de seus olhos eu vi um menino
E percebi que ele me via também
Só que não queria contar a ninguém

Esse menino que em seus olhos vi
Desde então me passou a encantar
E assim foi que quis só com ele ficar

Agora sempre que olho p'ra você
Vejo também o menino a me olhar
Pois para ver só é preciso amar

domingo, 17 de junho de 2007

Eu confesso

Eu adoro assistir o Dança dos Famosos. Acabou de acabar. Ai que vontade de dançar que dá! Mas provavelmente vou esperar me casar para fazer aula com meu marido. Ou se chegar aos 40 solteira desisto e faço sozinha, hehehe...

Impasse na USP

Texto retirado do Blog da Ocupação.



Em mais uma colaboração para este blog, Ricardo Musse, professor de Ciência Política da Universidade de São Paulo, comenta os últimos capítulos de uma novela que na verdade já dura quase seis meses, pois teve início com a posse de José Serra (PSDB) no governo do estado. A seguir, a íntegra do comentário:


"O impasse na USP continua mesmo depois que José Serra revogou, em seus pontos mais críticos, os decretos que engessavam as universidades estaduais paulistas. A hostilidade do governo perante as premissas do ensino público, demonstrada por atos e palavras, acirrou uma série de conflitos internos que até então permaneciam apenas latentes.

A credibilidade política, institucional e intelectual da USP pode ser creditada em grande parte ao papel proeminente que desempenhou na resistência e oposição à ditadura militar. Sua estrutura interna de poder, no entanto, não foi democratizada, conservando um “entulho autoritário” que persistiu após a extinção do regime de cátedras em 1968. Não só o poder, mas a própria representação política está confinada na figura do reitor e nas mãos do estamento burocrático que o envolve – um reduzido grupo de professores titulares que exercem o mando e as funções administrativas que outrora eram apanágio dos catedráticos.

Nem mesmo nos departamentos, estrutura elementar da organização universitária, os professores são considerados formalmente iguais. O conselho departamental é composto pela totalidade dos titulares, por representantes dos livre-docentes e doutores (excluindo assim a participação da maioria dos professores), e por uma representação estudantil que não pode exceder a 10% do número de professores.

Diante desse monopólio da atividade política e da apatia demonstrada pela reitora (e seu estamento burocrático) em relação aos ataques à autonomia universitária, não é de se estranhar que os estudantes tenham lançado mão de uma medida extrema. No entanto, o que mais se viu foram professores titulares procurando desqualificar a ação dos estudantes, sem demonstrar, em contrapartida (com raras exceções), qualquer preocupação com os decretos governamentais.

A defesa dos privilégios desse estamento talvez explique porque pessoas que se notabilizaram na luta democrática têm recusado, de forma tão veemente, o direito à participação política dos estudantes, utilizando-se muitas vezes de uma retórica que lembra os argumentos dos escravocratas no século XIX. Os membros desse estamento tendem a reagir às reivindicações de estudantes e professores, sobretudo a exigência de um congresso estatuinte, com o mesmo temor da nobreza francesa ante a decisão de Luis XVI de convocar os Estados Gerais.

O tamanho do impasse, entretanto, indica que talvez tenha chegado a hora de a comunidade uspiana voltar-se para si própria e discutir formas efetivas de democratização da representação e do poder. Parece insustentável a situação na qual os professores são ouvidos apenas quando entram em greve, os funcionários quando trancam as portas dos prédios, e os alunos não têm direito à palavra sequer quando ocupam o prédio da reitoria e a mídia."