quarta-feira, 4 de julho de 2007

À Paulicéia

Vim a teu encontro.
Fria, dura, distante foste antes.
Mas aos poucos com tuas faces
diversas me cativaste.
E assim, aos poucos,
refém tua me vi ser;
e por tanto em ti ver
viver me era renascer
em cada ruído flamejante,
em cada dom desconsertante
descoberto em tuas veias.
E então correu em mim teu sangue.
Do que fui ainda sou,
mas ainda mais tornei-me
o eu mesma que existia
adormecido em minhas entranhas,
em minhas idéias tamanhas,
aprisionadas nas paredes
que separavam-me por vezes
do que tu me devolveste.
Nada mais me desnudara
a ponto d'eu não mais temer;
ao ver-me crua em tua cara
vi tua cara em meu saber.
E o tanto agora que me invade
faz-me um ser ambíguo ser
pois me deste a liberdade
e me fizeste me prender.

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