sexta-feira, 30 de março de 2007

O primeiro segundo

É lindo se dar conta de que a possibilidade de renovação nasce muitas vezes a cada dia. Pois cada ser humano que chega é como aquele de milênios atrás; carregamos nossa igualdade pela história, e nenhuma diferença nos valores da sociedade, no conhecimento científico, nenhuma mudança nas crenças e nas ambições, nada disso altera o primeiro segundo de vida. Nele, somos todos iguais. Iguais entre nós, contemporâneos, iguais aos que passaram, iguais aos que virão. Somos uma vida que se inicia com todos os caminhos a escolher. Cada ser humano que chega ao mundo traz consigo nossa esperança de coisas belas, nossa renovação de fôlego, nossa vontade de melhora. E agora que isso tudo me veio à mente, será sempre emocionante olhar para uma criança.

quinta-feira, 29 de março de 2007

Situações nessa noite

Situação I

Vindo pra casa da faculdade, de carro, sozinha, ouvindo música. Começo a pensar... E se eu morresse hoje e me perguntasse "o que consumi desse mundo e o que de bom deixaria em troca?"

Situação II

Esperando elevador no meu prédio. Chega um vizinho que nunca vi. Entramos no elevador e passam-se uns 8 segundos. Penso comigo mesma: "Ele é um ser humano como eu; é dele que falamos na sala de aula - os homens, a humanidade. Está aqui do meu lado e a gente nem conversa". Aí ele solta na mesma hora:
— Situação estranha né? A gente fica assim parado no elevador e nem diz nada um pro outro; somos vizinhos e nem nos conhecemos.
— Pois é, acabamos nos cruzando pouco e não nos vemos nunca (frase ridícula, mas foi isso mesmo que eu disse...).
— É (o elevador pára no meu andar). Como é seu nome?
— Malena.
— Nossa, que nome diferente. Bonito.
— Obrigada.
— Eu sou o ... (nossa, foi agorinha e esqueci). Prazer conhecer você.
— O prazer foi meu também. Tchau! Boa noite!
— Boa noite!

Música!!

Essa ouvi ontem vindo da faculdade, mais uma vez na Brasil 2000. SENSACIONAL. Música, letra, tudo. Extremamente instigante. Candidata a predileta do semestre ;)


Letra abaixo. Para ouvir, aqui.


Butterflies And Hurricanes

change,
everything you are
and everything you were
your number has been called
fights, battles have begun
revenge will surely come
your hard times are ahead

best,
you've got to be the best
you've got to change the world
and you use this chance to be heard
your time is now

change,
everything you are
and everything you were
your number has been called
fights and battles have begun
revenge will surely come
your hard times are ahead

best,
you've got to be the best
you've got to change the world
and you use this chance to be heard
your time is now

don't,
let yourself down
don't let yourself go
your last chance has arrived

best,
you've got to be the best
you've got to change the world
and you use this chance to be heard
your time is now

A lista aumenta

Outro nominho para não votar (vide post abaixo):
Silvio Torres (PSDB-SP)

Resposta III

Respondi começando com "CARO Deputado".

From: "Dep. Silvio Torres"
Subject: Re: FALE CONOSCO
Date: Wed, 28 Mar 2007 17:29:23 -0300

Prezada Malena Xavier,


Em relação à reposição nos subsídios dos deputados e senadores, minha posição vem desde a última legislatura. O reajuste deve ser feito apenas com base no índice inflacionário, que, nos últimos quatro anos, ficou em torno de 26,5%. Assim, os salários dos parlamentares, que não são reajustados desde 2003, passariam de R$ 12.800 para R$16.200.

Sou contra as outras mudanças propostas pela Comissão de Finanças e Tributação, especialmente o gasto de 5 mil reais sem aprovação. Acho um absurdo!


Cordialmente,
Deputado Federal Silvio Torres (PSDB-SP)

quarta-feira, 28 de março de 2007

A lista aumenta

Mais nominhos em quem NÃO VOTAR. Alguns motivos estão aqui no Blog do Josias, no post do dia de hoje (28/03) sobre o reajuste dos vencimentos de Lula.
Lula (essa não é novidade...)
Virgílio Guimarães (PT-MG)
Antonio Carlos Pannunzio (PSDB-SP)

terça-feira, 27 de março de 2007

Olê Olá

Ontem indo para a faculdade resolvi escutar um sambinha... E não tem tristeza que resista! Não que eu estivesse triste, muito pelo contrário. Mas escutar samba e pagode de raiz me causa um efeito semelhante a comer chocolate. E não dá para ficar parado; nem que seja a ponta do pé, o corpo acaba indo no embalo da música. Isso tudo combina muito com uma música do Chico que ouvi pela primeira vez com uns 11 anos, quando eu não tinha nenhum cd e acabava pegando os dos meus pais para escutar - descobri muuuitas músicas boas assim. A versão que eu ouvi na época era com Chico e Maria Bethânia. Aqui, temos Zeca e MPB4.

...Não chore ainda não
Que eu tenho a impressão
Que o samba vem aí
E um samba tão imenso
Que eu às vezes penso
Que o próprio tempo
Vai parar pra ouvir...

segunda-feira, 26 de março de 2007

Ah, nós, homens...

"Tudo está bem quando sai das mãos do autor das coisas, tudo degenera entre as mãos do homem. Ele força uma terra a alimentar as produções de outra, uma árvore a carregar os frutos de outra. Mistura e confunde os climas, os elementos, as estações. Mutila seu cão, seu cavalo, seu escravo. Perturba tudo desfigura tudo, ama a deformidade e os monstros. Não quer nada da maneira como a natureza o fez, nem mesmo o homem; é preciso que seja domado por ele, como um cavalo adestrador; é preciso apará-lo à sua maneira, como uma árvore de seu jardim."
Emilio ou Da Educação: primeiro parágrafo do Livro I. J.-J. Rousseau.

domingo, 25 de março de 2007

Acontecendo

Acontecendo,
continua acontecendo,
e até quando
ninguém sabe falar.
Esse passado
eu vejo a toda hora;
não acabou,
nem sei se acabará.
A mancha negra
que invade a história
mudou de cor,
mas não de ar.
São outros filhos,
são outros pais,
são outros tempos
e o mesmo lamentar.
Vultos de vida
deixando rastros
mas não a chance
para um adeus.
Acontecendo,
continua acontecendo.
São outros filhos,
mas filhos meus.

quinta-feira, 22 de março de 2007

E sabe o que Lula disse?

Disse que os ministros eram "heróis" por receberem tão pouco e que alguns "pagam para trabalhar". "Quando eu fico vendo os ministros, que ganhavam muito bem [na iniciativa privada], virem ganhar R$ 7.000, R$ 8.000, eu falo: esses são heróis. Alguns pagam para serem ministros, essa é a pura verdade. E eu digo isso de cátedra, porque eu digo sempre: eu sou o único que não posso reclamar do meu salário de R$ 8.000 porque não tem nenhum torneiro mecânico no Brasil ganhando R$ 8.000 por mês. (retirado de reportagem da Folha)

Hum... se os ministros são heróis por conseguir sobreviver com 7 a 8 mil reais por mês, como devemos chamar quem sobrevive com o salário mínimo de R$ 350,00?

Resposta II

De: Dep. Regis De Oliveira
Enviado: quinta-feira, 22 de março de 2007 17:02:21
Assunto: RES: FALE CONOSCO - 83BF235687

Prezada Malena,

Agradeço o contato conosco. Estarei atento ao assunto mencionado em seu e-mail. Coloco o gabinete à disposição para qualquer dúvida e esclarecimento. Caso queira saber sobre minha atividade parlamentar, acesse o site: www.regisdeoliveira.com.br

Peço para que envie seus dados como nome completo, endereço e telefone para que possamos inclui-lo em nosso banco de dados.

Forte abraço,
Regis de Oliveira.

Resposta I

Prezada Senhora Malena,

Recebemos sua mensagem e a encaminhamos ao Excelentíssimo Senhor Presidente da Câmara dos Deputados, Arlindo Chinaglia, ao Líderes dos partidos com representação na Casa e aos deputados federais que eleitos pelo seu estado.

Este serviço é um canal aberto à sociedade. Utilize-o sempre que necessário.

Colocamo-nos sempre à disposição e agradecemos o contato.

Central de Comunicação Interativa/Câmara dos Deputados

Disque-Câmara 0800-619619 e cidadao@camara.gov.br

Será que eu li direito??

A notícia é "Comissão da Câmara aprova salário de 16 mil para deputados" . Mas hein?? Não vou nem colocar aqui tudo que penso, porque tenho certeza de que é o que a maioria acha também. Só digo uma coisa: absurdo. Para quem quiser, tiver tempo e se sentir na obrigação de pelo menos tentar exprimir sua revolta, tem esses 02 canais mais próximos para contato com Brasília: com a Presidência e com a Câmara dos Deputados. Já passei por eles e enviei minha reclamação. Se houver retorno, eu posto aqui.

terça-feira, 20 de março de 2007

300

Esse eu quero ver. Não só pelo Rodrigo Santoro (todos sabem que sou fã dele, não só por sua belezura - mas também por ela, claro!!), visualmente aposto que será muito bom. A história é interessante, não sei se foi bem explorada no filme. Mas tenho uma boa expectativa. "É a história da antiga Batalha das Termópilas, no ano 480 antes de Cristo. Nela, o rei Leônidas (Gerard Butler) e 300 guerreiros espartanos lutaram até a morte contra Xerxes (Rodrigo Santoro), imperador da Pérsia, e seu numeroso exército. Baseado no quadrinho "300" de Frank Miller ("Sin City"), o longa tem direção de Zack Snyder ("Madrugada dos Mortos")." (retirado da Folha).

Mas as desavisadas que não esperem o "Santoro Bonitão" de sempre!

Sobre a violência

Como esperar que um indivíduo marginalizado pelo sistema obedeça as regras desse mesmo sistema? Como esperar qualquer melhora se as penas para os infratores são punitivas e não reeducativas e integralistas?

segunda-feira, 19 de março de 2007

Conversa filosófica

Hoje vi um pouco sobre a vida de uma grande figura. Exemplo de postura ética mesmo perante um contraditório julgamento, esse homem contribuiu muito para o que entendo por educação. Seu método de ensino através do diálogo e sua busca pelas verdades absolutas, através dos conhecidos 5 passos ou maiêutica, me serão muito úteis nesse novo caminho como educadora. Ele defendia o auto-conhecimento, a busca do homem por sua essência. "Conhece-te a ti mesmo"! Sobretudo, ele mostrou a importância de se construir opiniões pessoais sólidas, através de bastante reflexão, e ao alcance de todos, não só dos filósofos, contra a "opinião da maioria". Basta nos darmos ao trabalho de pensar sobre aquilo em que acreditamos. Quais são as verdades reais? Onde realmente está a felicidade? No dinheiro? No amor? Estou vivendo minha vida realmente de acordo com o que acredito? Fiz a mim mesma essas perguntas há algum tempo, e a resposta me mudou o rumo completamente. E, honestamente, a felicidade está muito mais presente hoje em meu espírito. E você, já se perguntou algo?

"O último dia de Sócrates"

domingo, 18 de março de 2007

Depois de Algumas III

Recorrência:
antes morrer de vodka do que de tédio!

sexta-feira, 16 de março de 2007

Wonderland

I wish I was a walker
to see beyond my world.
A talker I wish too
I could be, so I would
spread up everywhere
“a wonderland there is,
but made with little pieces
that each man must share.
And inside you and me
a piece we both shall find,
if we could only see
a soul alone is blind”.

quinta-feira, 15 de março de 2007

Ouvi-me

"Homens! Sejas de onde fores, quaisquer que sejam tuas opiniões, ouvi-me. Eis tua história tal como acreditei havê-la lido, não nos livros de teus semelhantes, que são mentirosos, mas na natureza que não mente jamais. Tudo o que dela vier será verdadeiro. De falso, nela haverá apenas o que sem querer de meu terei misturado. Os tempos de que vou falar-te, bem longe vão. Como mudaste, daquilo que foste! É, por assim dizer, a vida de tua espécie que te vou descrever, de acordo com as características que recebeste, e que tua educação e teus hábitos puderam alterar, mas não puderam destruir. Há, eu o sinto, uma idade em que o homem individual gostaria que tua espécie houvesse parado. Descontente com teu estado atual, por razões que prometem à tua infeliz posteridade ainda maiores descontentamentos, talvez desejasses retroceder; esse sentimento deve constituir o elogio de teus primeiros antepassados, crítica de teus contemporâneos e o pavor dos que terão a infelicidade de viver depois de ti."

Parágrafo final da introdução do "Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens", de Rousseau. Vai ver eu sou muito louca, mas achei extremamente tocante. Imaginei-o escrevendo isso há muitos anos e penso se passou por sua cabeça que suas palavras chegariam a tantos e a tanto tempo depois. Penso como o que ele disse ainda serve para a nossa e várias outras gerações. Pensei na pequenez do homem, tão orgulhoso de suas conquistas mas tão longe de sua essência... Será que um dia aprenderemos algo?

quarta-feira, 14 de março de 2007

Ele chegou

Sim, Emílio. E não é um namoradinho. Será um relacionamento de uns 4 meses com prováveis "revivals" futuros. Estou certa de que será marcante - ele tem muito a ensinar. E não impresto para ninguém!

Breve reflexão sobre amar

Finalmente a chuva cai
e com ela as certezas
que construí por segundos aflitos.
A negação irremediável
lavou-se e renasceu:
flor do sim a enfeitar a tarde.
Ouço trovões mas não sou capaz de dizer
se vêm de mim ou do tempo.
Meu peito já não mais brada de leve,
e quando grita, me desconcerta
perante a simplicidade teórica da vida.
Sim. Direi sim.
E tão simples assim
deveria ser o amar.

terça-feira, 13 de março de 2007

O Grande Desperdício

Esse texto é de uma conferência realizada por Le Corbusier em Chicago, 1935. Mesmo sendo os exemplos América do Norte e Europa, acho que o descrito se enquadra perfeitamente ao Brasil. É um texto interessante para se pensar sobre a realidade de São Paulo e tantas outras cidades que definham pelo caos que as invade. Vale ler, levará em torno de 20 minutos bem gastos do seu dia.


..."A medida de nossos atos é dada pela jornada de vinte e quatro horas..."

"O argumento fundamental, capaz de apoiar diante do público americano minhas propostas de reforma arquitetural e de reorganização das cidades, é precisamente que nossa jornada solar foi maltratada. Que, em conseqüência da negligência e pela voracidade insaciável do dinheiro, iniciativas nefastas foram tomadas na questão urbana. O trabalho, o imenso desenvolvimento das cidades - é conduzido unicamente pelo lucro e contra o bem-estar dos homens. Somente a inversão dessa situação falsa pode trazer as alegrias essenciais. É dentro da jornada solar de vinte e quatro horas que o equilíbrio deve reinar, que um novo equilíbrio deve ser instaurado. Fora disso, não há salvação. Eu expresso por um círculo (fig.1) a jornada solar dos dias de hoje, nos EUA, assim como na Europa. Esse primeiro setor de oito horas (A) representa o sono. Amanhã, e a cada dia, a jornada será nova e fresca. Em (B), uma hora e meia perdida nos transportes coletivos - metrôs, trens, ônibus e bondes. Em (C), oito horas de trabalho, que representam atualmente a participação de cada um na produção necessária. Em (D), mais uma vez os transportes coletivos: tempo desperdiçado. De saldo, (E) as cinco horas noturnas de ócio: mesa familiar, vida dentro da concha do caracol - o lar. Que lar?

Digam-me quando, nessa jornada regrada, essa jornada que é o ano, os anos e toda a vida, quando o homem, esse animal físico estruturado, coberto de músculos, animado por um circuito sanguíneo, atravessado por uma rede nervosa, alimentado por um sistema respiratório - quando esse ser vivo, com seu mecanismo sutil e delicado, pode fazer com sua própria máquina aquilo que o obrigam a fazer com todas as máquinas: a limpeza, a manutenção e os reparos? Nunca. Não ha tempo para isso! Digam-me também, quando esse ser organizado há milênios pela lei do Sol, digam-me quando e onde ele oferecerá sua carcaça pálida aos raios regeneradores? Tal qual uma planta num porão, ele vive na sombra. O que respira? Vocês sabem! O que ouve? Vocês conhecem o tumulto extenuante das cidades de hoje. Seus nervos? Se deterioram e nunca se reconstituem.

Eu desenho (fig.2) o contorno indeciso que abraça a região urbana. No centro (M) está o coração cidade - os negócios. As indústrias e as fábricas? Estão dentro ou à volta, na estupidez da desordem e da falta de planejamento. Essa região urbana é uma reserva imensa. Ela contém dois, três cinco, sete, 10 milhões de criaturas! Seu diâmetro é de 20, 30, 50, cem quilômetros. Vocês, americanos, batem todos os recordes: as regiões urbanas de Nova York ou Chicago têm cem quilômetros de diâmetro! Tanta dispersão; por quê! Que frenesi é esse que repele milhões de seres para tão longe uns dos outros? Por quê? É que esses homens perseguem uma ilusão; a da liberdade individual. Porque a atrocidade das grandes cidades é tamanha que o instinto de preservação leva cada um a fugir, a se salvar, a perseguir a Ilusão da solidão. - A reivindicação fundamental: a liberdade. Eles são milhões que querem assim voltar a pisar a grama verde da natureza; que querem ver o céu, as nuvens e o azul; que querem viver com as árvores, essas companheiras de épocas que precedem a história. São milhões! Eles vão, se precipitam, chegam. São agora milhões deles que consideram seu sonho assassinado! A natureza se dissolve sob seus passos; as casas tomaram o seu lugar com estradas, estações e mercados. Essas casas são milhares. São as cidades-jardins (R), criação do fim do século XIX, aprovada, favorecida, santificada pelo capitalismo. As cidades-jardins, represas da grande torrente de rancores acumulados. Dessa multidão gigantesca, dessas montanhas de ressentimentos e reivindicações, fez-se a poeira dispersa aos quatro ventos dos céus, a cinza inerte: a poeira de homens.

O estatuto social, egoísta e parcial, teve assim a sua vida prolongada.
No horizonte das cidades-jardins desarticuladas, o sonho perdido. Os homens, quando lá chegam, às oito da noite, têm os braços e a cabeça em pedaços. Eles se calam e se enterram. Foi perfeitamente destruída toda a força coletiva - essa admirável potência da ação, essa alavanca de entusiasmo, esse criador de civismo. Achatada, adormecida, abatida, a sociedade vive. Os fomentadores das cidades-jardins e os responsáveis pela desarticulação das cidades proclamaram bem alto: "Em primeiro a filantropia: para cada um seu pequeno jardim, sua pequena casa, sua liberdade assegurada." Mentira e abuso de confiança! A jornada só tem 24 horas. Essa jornada é deficiente. Ela recomeça amanhã e por toda a vida. Toda vida é estragada por uma desnaturalização do fenômeno urbano.

Eu desenho de novo o contorno da região urbana (fig. 3). Coloco novamente a cidade (M). Nessas vinte e quatro horas solares, tudo deve ser realizado: o movimento furioso desses milhões de seres no círculo do seu inferno. Criaram-se, eu já disse, os T.C.R. P ou os T.C.R.X - os transportes coletivos da região P ou da região X. Primeiramente, ferrovias (S); vida nos trens: estação, vagão, estação. Depois os metrôs (U); depois as estradas (Y) - estradas para os bondes, ônibus e automóveis, bicicletas e pedestres. Queiram por favor refletir sobre isso: a estrada passa na frente da porta de cada uma das casas da prodigiosa, fantástica, louca região urbana! Queiram, olhando para dentro de si, tomar consciência da rede fabulosa das estradas da região urbana. Entremos agora em uma das casas da enorme região. Nos EUA, por exemplo, infinitamente mais e melhor que na França, eis o conforto: luz elétrica, gás de cozinha, água encanada, pias, telefone. As canalizações vêem até aqui, sob a terra, e ocupam a enorme região, em uma rede difícil de imaginar. Uma rede - de cem quilômetros de diâmetro - que é a própria imensidão. Muito bem! Quem paga tudo isso? Desta vez, a pergunta está feita. Quem paga isso? Primeiro vocês me respondem: - "mas é justamente o trabalho dos tempos modernos, o próprio programa de nossas indústrias e de nossas empresas. É a abundância." Friamente eu digo: tudo isso é faz de conta e nada mais. Isso não traz nada para ninguém, já que essa liberdade apaixonadamente procurada, essa natureza ao assalto da qual todos vocês partiram, não é mais que vento e ilusões - desastre da jornada inacabada de vinte e quatro horas. Quem paga? O Estado! De onde ele toma o dinheiro? Dos bolsos de vocês. São impostos esmagadores e dissimulados, são impostos indiretos sobre tudo aquilo que vocês consomem: mercearia, sapatos, transportes, teatro e cinema. Por que pagamos na França, em Paris, 2,10 francos o litro de gasolina, quando este custa 0,25 francos ao desembarcar no porto do Havre - depois de tudo pago: a extração da mina, a refinação, a administração e os dividendos aos acionistas. 2,10 francos!

Compreendi!
Compreendi que o gigantesco desperdício americano ou europeu - a desorganização do fenômeno urbano - constitui uma das cargas mais esmagadoras da sociedade moderna. E não o programa de sua indústria e empresa! Um plano falso, sobre premissas enganadoras. Que liberdade, hein? Não brinca! É a escravidão das vinte e quatro horas. Isso sim! Conclusão. Pego um giz preto e, sobre o setor das oito horas de participação necessárias à produção, cubro a metade, a metade em preto - a morte. Escrevo: para fazer de conta. Trens, metrôs, carros, estradas, e todas as canalizações, e as administrações correspondentes, e o pessoal da exploração, e o da manutenção, e o dos reparos, e o policial que ergue seu bastão branco, tudo isso é o desperdício estúpido dos tempos modernos. Vocês pagam, nós pagamos a cada dia por isso, por quatro horas de trabalho inútil. As estatísticas de vocês nos dizem: "o governo dos EUA recolhe 54% do fruto do trabalho geral".

Essa é a verdade.
O dólar perdeu a auréola. Não há mais montes de ouro nos EUA. Após os dias trágicos que sucederam a euforia da indústria bélica os americanos, tateando, procuram se tornar realistas; onde está o vício do sistema, onde está o novo caminho? Eles endureceram, lutando para arrancar quatro centavos do desperdício; quatro centavos para viver! A produção útil à sociedade é o calçado, a roupa, o abastecimento sólido e líquido, a habitação (o refúgio em geral), os livros, o cinema, o teatro, a obra de arte. O resto é só vento: o furacão sobre o mundo - o grande desperdício. O veredicto está dado.

Façamos a proposta construtiva, fixemos o programa adequado aos novos tempos: reconstrução das regiões urbanas, revitalização do campo.
Desenho, na mesma escala (fig. 4) a cidade dos tempos modernos. Ela não tem subúrbios. As técnicas modernas permitem ganhar em altura o que se perdia em extensão. A cidade está concentrada, breve. A questão dos transportes se resolve por si só. Redescobrimos nossos pés. Com edifícios de cinqüenta metros de altura, podemos alojar mil habitantes por hectare, uma superdensidade. Os edifícios cobrem apenas 12% do solo. Os 88% restantes são parques. O esporte aí se instala; o esporte está ao pé das casas. Na periferia, a cidade cai verticalmente sobre as plantações de trigo, sobre os prados ou pomares. O campo está à volta; ele entrou na cidade fazendo uma "cidade verde" (K). A cidade é classificada em suas funções diversas. O campo está à volta (L). Os automóveis - um milhão e meio de automóveis cotidianos de Nova York - são precisamente a doença, o câncer. O automóvel será precioso no fim de semana ou até mesmo a cada dia, para se precipitar nas tenras vegetações da natureza, logo ali. Termino desenhando um novo círculo das vinte e quatro horas solares. Oito horas de sono (A); meia hora de transporte (B) quatro horas de trabalho produtivo; participação necessária e suficiente para a produção; as máquinas operam seu milagre (C); meia hora transporte (D). E eis aqui as onze horas de ócio cotidianos.

O grande desperdício americano me permitiu ir ao fundo da aventura da época presente e vê-la com mais claridade do que na Europa, onde a doença é parecida. Vejo claro. Compreendo. Esses dois discos representativos da jornada solar exprimem pura e simplesmente o passado e o futuro. (fig. 5) Essas onze horas de ócio, tenho muita vontade de lhes dar um outro qualificativo: a verdadeira jornada de trabalho da civilização maquinista. Trabalho desinteressado, sem lucro, dom de si; manutenção do corpo - esplendor do corpo; moral sólida; ética. Ocupações individuais livres. Livre participação dos indivíduos nas empresas ou jogos coletivos. Sociedade acionada com todos os seus motores: o individual e o coletivo nessa medida justa e proporcional que é o próprio jogo da natureza - a tensão entre dois pólos. A massa está entre dois pólos; um pólo sozinho só tende ao zero; os extremos matam a vida; a vida corre bem no meio. O equilíbrio é o signo próprio do movimento imperecível. O equilíbrio não é o sono, a ancilose, a letargia ou a morte. O equilíbrio é o lugar da união de todas as forças. Unanimidade. Eis como o urbanista pode ler o destino das sociedades, nos dias de hoje. Em tais bases individuais, eu pude, nos EUA, propor ao meu auditório a grande reforma de suas cidades: reorganização do equipamento dos países, em favor dos homens. É, ao mesmo tempo, o programa dos grandes trabalhos e, como conseqüência, a salvação da indústria, que deve se voltar para objetivos fecundos. Assim se desenha a aventura.

É preciso, portanto, lançar o mundo na aventura! Lançar as pessoas na aventura!... Os espíritos fortes podem desejar entrar no jogo. Mas e os outros? Eles tremerão dos pés à cabeça.
Nesse caso, os espíritos fortes inventam a catapulta para tudo lançar na aventura. Tudo será novo. Joguem as pessoas na água! Será preciso que elas nadem, e elas nadarão, e que elas saiam da água e que assim chequem a outra margem. Na volta, meu companheiro de mesa, no La Fayette me dizia: " É claro que, se os construtores das catedrais surgissem das eras longínquas na Paris moderna, eles poderiam exclamar: " O quê é isso?! Com seus aços diversos - doces, duros, cromados e outros - com seus cimentos Portland artificiais ou seus cimentos elétricos, com suas máquinas elevadoras, perfuradoras, escavadoras, com seus cálculos, sua ciência da física, da química, da estática, da dinâmica, mas, meu Deus! Vocês não fizeram nada de digno e humano! Vocês não fazem nada que ilumine a sua volta! Nós, com pedras pacientemente cortadas e ajustadas sem cimento, umas contra as outras, nós fizemos as catedrais!"

segunda-feira, 12 de março de 2007

Trato

Pode acabar bem, pode acabar mal.
Ciente de tudo escolho seguir.
Não é culpa sua se um dia cair
do meu olho ao chão uma gota de sal.
O trato foi feito, o preço acertado
e assim definido um incerto futuro.
Mas antes viver um amor inseguro
que se arrepender por não o ter arriscado.

domingo, 11 de março de 2007

Depois de algumas II

E mais uma vez eu digo: antes morrer de vodka do que de tédio!

sábado, 10 de março de 2007

Filosofia

Tive boas notícias ontem na minha primeira aula de Filosofia da Educação: vamos estudar O Emilio este semestre. Nunca li Rousseau, apenas excertos esporádicos. Acho que vou adorar. Bom, se trata de nada mais nada menos que um dos caminhos apontados por Rousseau para recuperar o homem. O outro, além da educação, seria a política, e está abordado em O Contrato Social - outra obra dele que preciso ler o quanto antes!
Fora essa boa notícia, a aula de ontem também foi ótima porque cada vez mais sinto proximidade entre minha forma de ver o mundo e a de meus colegas de sala. Pode ser um pouco cedo para essa afirmação, mas tudo indica que minha opinião inicial só tende a se confirmar...

sexta-feira, 9 de março de 2007

Coisa ruim





















Tem um certo coisa ruim hoje em São Paulo.
Acho mais prudente não dar bobeira e espantar os maus espíritos...

Tempo azul



O tempo azul reflete

a vida que se passa aqui dentro.

Hora ou outra aparece uma nuvem

mas não esconde o sol muito tempo.

E assim, como raios calorosos,

uma a uma palavras fluem

e alimentam a expressão do ser:

flores da consciência,

brotos do interior profundo,

gigantesco caule do eu.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Dia Internacional da Mulher



Hoje é o Dia Internacional da Mulher. Muitas mulheres são contra, muitas são a favor; os homens também se dividem em pró e contra.

Eu gosto desse dia. Por vários motivos. O primeiro e mais bobinho, mas singelo, é a lembrança da primeira vez em que alguém me disse "parabéns, hoje é o seu dia - dia da mulher". Eu pensei "nossa, eu sou mulher... não sou menina, não sou garota, agora sou MULHER". Eu não havia percebido ainda que já era vista como tal, e me senti muito, mas muito bem! Não que me sentisse mal antes. Mas fiquei com orgulho de mim por estar crescendo, amadurecendo, por...florescer. Não há outra expressão. E sei que, apesar de nossas choradeiras eventuais, nossos dengos, nossa sensibilidade nata, apesar de toda aparente fragilidade, nós somos fortes, intensas, decididas, somos magnéticas, somos vida.

Gosto dessa data também porque acho importante esse olhar especial por um dia para nós. Muitos podem achar que as mulheres já alcançaram a igualdade que tanto querem. Mas essa frase tem dois pontos erradíssimos.

O primeiro é que NÃO alcançamos igualdade. Há preconceito, há discriminação - em todo lugar: no trabalho, na escola, na faculdade, no trânsito, na política, dentro da nossa mente...E vem de todos, de homens e de mulheres. Isso eu já senti muito na pele, no dia-a-dia, inclusive em lugares onde as pessoas são vistas como de "mente aberta". Isso eu já vi acontecer com familiares, com amigas, com colegas. E o dia de hoje de certa forma leva a sociedade a pensar no nosso papel - que é fundamental. É óbvio que vai haver gente dizendo "para que esse dia?", "se vocês querem igualdade, deveriam negar um dia só para vocês", e a melhor: "se tem dia da mulher vou querer também um dia do homem". Deixo dizerem. Eu continuo apreciando um dia dedicado a esse gênero que ainda passa por muitos percalços para construir seu lugar.

O segundo ponto errado daquela frase é o que afirma querermos igualdade. Não queremos. Queremos as mesmas oportunidades, os mesmos direitos, os mesmos deveres, mas queremos ser vistas como mulheres. Somos diferentes. Por que negar? Queremos ser tratadas como mulheres. Quero respeito, quero gentileza, quero educação, quero compreensão. Quero não ser olhada "a torto" no trabalho se tiver que sair para cuidar de um filho doente; quero não ser criticada se precisar sair por estar com cólica; quero não ser vista como "encalhada" se não quiser estar casada aos 35; quero compreensão se, numa discussão, me der vontade de chorar ao invés de bater; quero dizer "não vou ter filhos" e não ser vista como um alien; quero poder ser "só" dona de casa sim, e daí?; quero ser vaidosa sem que me vejam como fútil; quero que abram a porta do carro para mim; quero que me tratem com a mesma seriedade no trabalho com que tratam um colega; quero não ser vítima de força física para que não destruam minha força emocional; quero que os homens não tenham medo de minha capacidade, de minha inteligência, de minha independência. E quero ser amada por isso tudo. Não só por meu homem, mas por minha família, por meus amigos e amigas, meus colegas de profissão, por meus filhos.

Ser mulher não é fácil - isso já foi dito mil vezes. E fazer de nós mulheres não é só papel nosso. É também papel dos homens. As feministas que me perdoem, mas cavalheirismo é fundamental... As diferenças entre ambos os sexos existem também para que algo seja compartilhado - elas não têm que ser eliminadas. E isso inclui a forma de tratarmos uns aos outros. Quando digo querer cavalheirismo, não quero ser mimada. Quero respeito e educação no meu tratamento. Ser cavalheiro não é apenas deixar a mulher entrar na frente, é vê-la no cotidiano como tão capaz quanto um homem, mas tratando-a com ar especial, e não superior. Ser cavalheiro é ver beleza em nossas diferenças, é admirar o "ser mulher" e tentar adornar isso com gestos de carinho e compreensão. O respeito mútuo só torna o homem mais homem e a mulher mais mulher.

Por isso tudo, digo que gosto, sim, do fato de haver um dia para mim, para todas as mulheres. É, no mínimo, uma oportunidade de dizer o que pensamos. E o que penso sempre, acima e apesar de tudo, é que, tanto quanto amo o que há de diferente nos homens, amo ser mulher.

quarta-feira, 7 de março de 2007

Música da semana

Sábado, vindo para casa de um almoço, ouvi uma música na Brasil 2000 muito bacana. Não curtia tanto nenhuma música de primeira desde que ouvi Yoshimi Battles the Pink Robots ano passado. É do álbum novo do The Killers, e, pelo local onde se passa o clipe e por partes diversas da letra, vou dedicá-la a meus (muito) queridos amigos orientais - quem me conhece sabe que são bastantes! Alguns me conhecem mais que eu mesma e me fazem realmente sentir sua falta quando ficam longe...

"So oh I don't mind if you don't mind
Coz I don't shine if you don't shine
Before you go can you read my mind?
...put your back on me..."

Ouçam...

Ladeira abaixo

Ladeira abaixo eu caí.
Pedaços de mim se espalharam
e nesses pedaços ficaram
as partes que partem de ti.

Ladeira abaixo eu caí
e ‘inda assim, já quebrada,
aos cacos, pela calçada,
em mim teus traços eu vi.

Ladeira abaixo eu caí,
tentando partir-me de ti.
Mas qual! Mal sabia eu
que em mim nada mais era meu.

Ladeira abaixo eu caí,
ladeira abaixo fiquei.
E depois que meus cacos colei
mais tu do que eu me senti.

terça-feira, 6 de março de 2007

Meu nariz reclama

São Paulo tem estado muito quente e seca nos últimos dias. O resultado disso para mim foi uma crise alérgica que está virando resfriado e afetando também a garganta. E pensar que os efeitos disso num indivíduo que nasceu e sempre morou aqui podem ser piores ainda me leva a questionar se valerá a pena continuar na cidade no futuro, quando eu quiser construir uma família. Essa cidade é maravilhosa, mas poderia ser a melhor do mundo se algumas medidas tivessem sido tomadas. Acredito que ainda há tempo, mas falta atitude. Inclusive minha - cobrar mais o que acho necessário que se mude, principalmente. Falta verde na cidade, faltam áreas públicas de lazer (os parques existentes não são suficientes, basta ir a qualquer um no fim-de-semana para comprovar), falta silêncio, falta enxergar que um bom nível de qualidade de vida influi - e muito - na saúde da população. Proporcionar isso é também um modo de prevenção de doenças. Essa cidade cresceu sem uma preocupação urbanística verdadeira e agora fica muito mais difícil corrigir problemas. Bom, vou por enquanto torcer por uma boa chuva que aumente a umidade relativa do ar e ajude meu nariz a curtir a cidade...

segunda-feira, 5 de março de 2007

Uso de drogas

Não sei bem o que a maioria das pessoas acha...Ainda não tive oportunidade de esbarrar com uma dessas pesquisas de opinião sobre o assunto. Mas eu particularmente sou a favor da legalização das drogas. Como grande em parte das decisões que devemos tomar, acho que o fato de usar ou não algum entorpecente também não cabe ao Estado, mas ao indivíduo. E a melhor forma de proteger um cidadão para que ele esteja ciente quanto às conseqüências de seus atos é dando-lhe meios para se informar, fornecendo a ele desde cedo, desde sempre, condições para que se torne um indivíduo consciente, capaz de decidir por si só o traçar deste ou daquele caminho. Isso vem com a educação escolar, familiar, através da sociedade como um todo. Quer dizer, deveria vir... Enquanto isso, somos obrigados a ver essa hipocrisia que é, por exemplo, a proibição do uso da maconha paralela à permissão do uso de cigarro. Assunto longo esse, mas minha linha de pensamento segue mais ou menos por esse caminho.

domingo, 4 de março de 2007

Para assistir


Para mim essa é uma das cenas mais emocionantes do cinema: Bela Lugosi filmado por Ed Wood. Não encontrei a versão de Tim Burton no You-Tube, mas é igualmente linda.
http://www.youtube.com/watch?v=s1k9Zq6mbeA

Não faria mal ter esta vista agora...

Soneto da solidão

A solidão é um quarto frio
construído dentro do peito
é uma dor que não tem jeito
é uma falta que teima em ficar

é não existir em si mesmo
é a implosão do sossego
é já desistir do dia
antes de qualquer tentar

A solidão é uma força inversa
é uma vontade perversa
de nada mais desejar

é ter uma obrigação de vida
é sentir a alma ferida
sem ao menos querer se curar

Domingo

Manhã de sol! Queria muito um jardim; ou pelo menos uma varanda. Definitivamente um de meus planos para o futuro é ter uma pequena propriedade no meio de uma mata, com nascente e tudo. Com o passar dos anos uma paz de espírito vem crescendo em mim e acho que nada combina mais com isso que natureza. Mas por enquanto todo esse concreto ainda me é necessário!

sexta-feira, 2 de março de 2007

Depois de algumas I

A frase perfeita pra hoje é do meu querido Maiakovski:
"Antes morrer de vodka que de tédio!"

quinta-feira, 1 de março de 2007

E o ano começa

Hoje é 1º de março e parece que o ano realmente vai começar. Eu, pelo menos, já estou colocando em prática algumas daquelas promessas de ano novo: aula de espanhol, nova tentativa de médico para o joelho, blog em andamento, livros escolhidos na cabeceira...A faculdade fica pra segunda, mas não por culpa minha ;) - antes disso não haverá aula.

Adoro esse começo de ano. Parece que tem mais chance de coisas novas acontecerem. Apesar das notícias me jogarem o contrário na cara.

Como diz aquela música: tocando em frente!

Declaração

Queria ainda ter a inocência
de acreditar piamente nas coisas.
Que o sol nasce para todos
e que esses todos são iguais.
Que o amor é eterno.
Que um dia tudo será diferente.
Que o homem, na essência, é bom.

Mas até o que era concreto
os filósofos me tiraram.
Não existe verde, azul,
não existe eu.
Não existem verdades.

A rosa se abriu
e mostrou coisas tristes.
Minha esperança é golpeada
dia a dia, basta abrir os olhos.
Mas ainda assim não desejo o escuro.
Antes ter a carne ferida porém viva
que o sangue intacto mas aguado.
Desprezo o medo de sofrer.
A vida, não a temos à toa.
De que valeria a música
numa terra de surdos?
Sei que nem tudo é música,
sei que existem sirenes,
tiros, motores, gritos.
Mas se causam dor,
podem causar também ação.
De que adianta seguir a linha,
a fila, o esperado,
a vidinha de sempre,
e deixar a sirene passar?
Para algum lugar ela vai,
e minha inércia me contradiz.

Devo segui-la,
desvendar seus motivos,
entender sua força,
conquistar o seu fim.
Desistir seria o golpe derradeiro,
seria deixar de existir.
Seria-me um coma.