quarta-feira, 4 de julho de 2007

Sozinha mas não só

Em mais ou menos 1 mês meu irmão estará de volta. Que bom! Sinto saudade. Mas não é uma "saudade-necessidade-de-ter-alguém-comigo-em-casa". É saudade dele mesmo; das suas chatices, de seus comentários-relâmpago sobre assuntos que não sei, de suas músicas pela manhã, da luz do quarto do piano pela fresta embaixo da porta fechada no meio da madrugada, da panelada na pia de quando se mete(talentosamente) a chef, de ouvir sobre as coisas do mundo e da vida que alguém tão diferente mas ao mesmo tempo tão parecido comigo tem a dizer. Confesso que não sinto falta NENHUMA dos programas de futebol que ele insiste em assistir. Mas fazer o quê; ele também precisa conviver com meus gatos.

E, apesar da saudade, não me foi caro ficar sozinha por esse ano. Não me sinto só comigo mesma. Fico bem até demais. Como explicar? Acho que cai bem um pouco do grande Drummond, nesse pequeno lindo poema:


AUSÊNCIA

Por muito tempo achei que a ausência é falta.
E lastimava, ignorante, a falta.
Hoje não a lastimo.
Não há falta na ausência.
A ausência é um estar em mim.
E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,
que rio e danço e invento exclamações alegres,
porque a ausência assimilada,
ninguém a rouba mais de mim.

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