segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Questionamentos sobre a individualidade

Estou lendo nesse momento o texto de Walter Benjamin "A obra de arte na época de sua reprodutibilidade técnica". Em um trecho, falando um pouco sobre como a obra de arte sempre foi passível de reprodução, mas não com a velocidade como vemos hoje, ele diz que "com a litografia, as técnicas de reprodução fizeram um progresso decisivo. (...) Assim, o desenho pôde, a partir de então, ilustrar as ocorrências cotidianas".

E daí me veio à mente o seguinte questionamento: será que quanto mais sabemos "do outro" (da sociedade global, das outras culturas, do que acontece além de nossas relações próximas), mais queremos saber de nós mesmos, mas nos voltamos para o eu? E então por isso o crescimento, paralelo ao imenso desenvolvimento da comunicação de massa, do individualismo?

Sim, a cultura de massa busca construir essa noção do "ser para si mesmo", do personalizado, principalmente através do consumo e da criação de uma idéia de que todos devemos (e então acabamos querendo) ser originais, ser "um" diferente do "todo". Mas será que é só esse agente externo??? Me pergunto se não há um algo interior nos empurrando para nós mesmos como uma reação ao movimento externo de fusão entre culturas, entre sociedades diferentes; se não há uma atitude, mesmo que inconsciente, da partícula-indivíduo tentando se estabelecer perante o furacão do todo, dessa globalização que parece uma onda varrendo especificidades. Quero dizer que talvez numa perspectiva de pulverização de costumes, valores, ideologias, onde somos parte de tudo, um tudo muito gigante - que não é nosso bairro, nossa família nem mesmo nosso país, mas sim a existência humana -, nossa individualidade se esforce para se defender dessa generalização. Pois é muito claro de se ver o seguinte: hoje o mundo é cada vez mais uma coisa só para todos, cada vez mais parecido em qualquer parte do globo (existem, claro, exceções). Então se por um lado há um fenômeno de homogeneização, por outro há a busca da heterogeneidade através do individualismo exacerbado. Até onde esse "dividir os homens", essa "perda do sentimento de grupo" é devida a uma pressão externa e até onde é vinda de dentro de nós? Alguém está nos afastando do próximo, do outro, ou seremos nós mesmos, numa tentativa de conservarmos os limites do nosso eu?

Olha a sociologia e a psicologia se encontrando...

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