segunda-feira, 7 de maio de 2007

Universidade Pública em risco?

Acabo de chegar da aula; hoje terminou mais cedo e aproveitei para passar na reitoria, onde está havendo a ocupação pelos estudantes. Eles reivindicam algumas coisas importantes, entre moradia, assistência médico-odontológica etc, mas o principal se relaciona aos tais decretos do Serra. Havia alguns professores no local expondo prós e contras da ocupação, manifestando apoio e também dando conselhos... Enfim, um "bate-papo" com microfone para que todos pudessem ouvir.

Realmente a situação é grave, pois como se não bastasse a falta de verbas que já conhecemos há tempos, agora esses decretos ferem totalmente a autonomia da Universidade de São Paulo, bem como Unicamp e Unesp. Resumidamente (e dentro do pouco que sei), para qualquer decisão a USP precisará se reportar a essa Secretaria do Ensino Superior (acho que é esse o nome) para aprovação; ou seja: para contratar professores, para reformas, para comprar papel ou clipes. Para tudo.

Isso não significa só lentidão nesse processo, mas um recadinho de que as universidades públicas precisam "se virar" para conseguir suas verbas, que não contem tanto assim com o governo de agora para frente, pois este não vai simplificar as coisas. E, seguindo esse raciocínio, onde as universidades conseguiriam essas verbas? "Ah, com parcerias com empresas privadas, por exemplo". Bom, pode ser, mas a liberdade de pesquisa fica comprometida, pois não é todo dia que encontra-se uma boa alma disposta a financiar uma pesquisa de base sem nenhum resultado financeiro à vista nem a longo prazo. Isso para começo de conversa.

Tem muitas coisas envolvidas além disso, como a burocracia total na própria USP, independentemente de qualquer decreto. Pra começar, os estudantes não participam da escolha do cargo de reitor. Pelo que entendi, os diretores de cada unidade (da FEUSP, da FEA, da ECA, da POLI etc), que são uns 90 e poucos no geral, votam e definem uma lista tríplice, e dessa lista acho que o governador (ou o Conselho de Educação...) escolhe o nome. Parece coisa de Idade da Pedra. Inacreditável, questionável e nada democrático. Afinal, a Universidade é tanto dos professores quanto dos alunos (quanto da sociedade que não está lá dentro).

Bem, a coisa está complicando, e algo com o qual vi todos concordarem até agora é o fato de que em muuuuitos anos ninguém viu um ataque tão atroz à Universidade Pública - desde a ditadura. Parece que a saída mais provável - pelo menos como forma de protesto e tentativa de mobilização da sociedade - será uma greve geral. Para mim individualmente não seria bom, mas concordo que está ficando tudo errado por demais, não há muita escolha mesmo. Até porque ninguém está comentando o assunto: nem jornal, nem amigos nem nada. Ou seja, vai ser preciso uma atitude radical para chamar atenção de todos. Espero que as coisas se encaminhem. Não sou uma pessoa muito participativa nessas mobilizações, mas vou acompanhar e tentar participar em pelo menos alguns momentos.

Ai ai... muita coisa, muita coisa acontece nesse mundo. Sei se tem jeito não, viu...

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